6 de junho de 1999

O imortal Dorian Jorge Freire e o seu primeiro artigo

Jornalista ocupará a cadeira da Academia Norte-rio-grandense de Letras; posse será nesta sexta-feira, em Natal

Por William Robson

O jornalista Dorian Jorge Freire, 65, já é considerado um imortal. Ocupa a cadeira de número 22 da Academia Mossoroense de Letras (AMOL). Pela contribuição à cultura mossoroense e ao jornalismo potiguar, Dorian também vai receber um reconhecimento a nível estadual. Nesta sexta-feira, um dos mais importantes jornalistas do Estado estará tomando posse na cadeira nº 20 da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL), ocupando a vaga do acadêmico Mário Moacyr Porto.

A posse acontecerá no salão nobre da academia. Para muitos intelectuais, a indicação de Dorian para a ANL está bastante atrasada. Ele merecia está com sua vaga assegurada há muito tempo. Razões não faltam. O jornalista Dorian Jorge Freire, além de trabalhar em vários órgãos de comunicação de grande importância nacional como o jornal Última Hora e a revista Escola, da Editora Abril, e de atuar nos jornais locais, também se destacou lançando duas importantes obras.

De importância nacional,Dorian Jorge Freire conversa com Ignácio de Loyola Brandão (Foto: arquivo)

Dorian nunca se preocupou em se realizar de maneira literária. O jornalismo sempre foi e é sua maior paixão. Tanto é que um de seus livros, “Os Dias de Domingo”, publicado em 1990, não foi uma iniciativa sua. Um grupo de amigos c admiradores do jornalista coletou seus melhores artigos e reuniu num trabalho, que repercute bem até hoje.

A obra inclui, em sua maior parte, artigos de Dorian Jorge, na época em que trabalhava nos jornais da capital, como a Tribuna do Norte. Dessa forma, o livro terminou por obedecer um caráter bem mais natalense.

Porém, o primeiro trabalho de Dorian, que não foi tão bem divulgado, foi o livro “Mossoró, 1954”, lançado pela Coleção Mossoroense, realizado a partir de uma solicitação da Prefeitura.

O maior legado de Dorian Jorge Freire, com certeza, é sua grande. contribuição ao jornalismo potiguar e brasileiro. Seu primeiro artigo, para o jornal O Mossoroense, foi publicado em 18 de julho de 1948. Seriam artigos semanais incluídos em uma coluna, que levava o nome “Crônica da Cidade”. Ele assinava com o pseudônimo de Fenelon Gray. De acordo com o historiador Raimundo Soares de Brito, estes artigos “eram obras que retratavam bem a história de Mossoró”.

Dorian entrevista o presidente Juscelino Kubistchek (Foto: acervo de família)

Mesmo com a saúde abalada, Dorian continua escrevendo para a GAZETA, e mantém um estilo próprio e elegante, de causar inveja a muitos escritores. “Acredito que Dorian é o maior estilista do Brasil”, confessa o escritor José Nicodemos, que escreve interinamente sua coluna.

O começo de Dorian no jornalismo é o retrato de quem nasceu com a vocação para escrever. Ele é filho e neto de jornalistas. Seu avô, João Freire, tinha um jornal que circulava em Aracati (CE). Quando publicou o seu primeiro artigo em O Mossoroense, Dorian tinha apenas 14 anos.

A cadeira que Dorian irá ocupar na ANL foi ocupada pela poctisa Palmira Wanderley e tem por patrono Auta de Souza. “Dorian merece essa homenagem pelo simples fato de dominar a escrita como ninguém em nosso Estado”, disse José Nicodemos. O evento vai começar às 20h30.

Acervo: jornal Gazeta do Oeste
Agradecimento: Rádio Difusora

 

SERVIÇO

O quê: Posse do jomalista Dorian Jorge Freire na ANL

Quando: sexta-feira, às 20h30

Onde: salão nobre da Academia Norte-rio-grandense de Letras em Natal

 

O primeiro artigo

Crônica da cidade

Convidado pelo diretor desta folha, venho preencher uma falta de que já se ressentia este órgão, como seja, uma Crônica da Cidade. Precisávamos de uma coluna em que se reportasse do que está acontecendo em Mossoró, dos seus problemas, seus assuntos em foco, e suas necessidades, que infelizmente não são poucas.

Nesta seção, semanalmente aparecerá minha croniqueta, que falará um pouco de tudo que estiver acontecendo nesta boa terra.

Com a máxima isenção de ânimo, combaterei os erros, os crimes, por ventura praticados contra o povo, pedindo a quem de direito, a solução para as nossas necessidades.

Procurarei traçar minhas palavras dentro do Direito e da verdade e isto farei, fira a quem ferir, pois, sinceramente isto, para mim será de importância secundária. Aqui fica, portanto, uma pequena nota ou explicação do que virá a ser a nova seção do O Mossoroense. Até domingo.

* Esse artigo foi publicado em 18 de julho de 1948, no jomal O Mossoroense