Cuidado

Como a tosse, febre, fadiga e cansaço podem ser sintomas de outra doença?

Enquanto tenta conter o avanço da Covid-19 no RN, o Governo necessita ficar atento aos sintomas de tosse, febre, fadiga e cansaço, que, a príncípio, podem significar Covid, mas que agora passa a preocupar pela frequência e apresentar outro diagnóstico

A Secretaria de Saúde do Estado está com um olho no padre e outro na missa. Enquanto tenta conter o avanço da Covid-19 no RN, embora com medidas antagônicas de liberar a economia, precisa ficar atenta aos sintomas de tosse, febre, fadiga e cansaço, que, a príncípio, podem significar Covid, mas que agora passa a preocupar pela frequência para outro diagnóstico: tuberculose. E o detalhe, segundo o Governo, é que até o modo de transmissão é o mesmo, por vias aéreas através da fala, espirro ou tosse.

Deste modo, as atenções estão divididas, visto que tratar Covid em pacientes com tuberculose pode se desdobrar em prescrições que, se não for observadas a tempo, são fatores de vida ou morte. Por isso, o Governo emitiu Nota Técnica com recomendações, esclarecimentos e medidas preventivas dos casos de tuberculose no período da pandemia, sobretudo, aos profissionais de saúde.

“No intuito de estimular um olhar ampliado sobre a similaridade dos sintomas da tuberculose e da Covid-19, fazemos esse alerta aos profissionais de saúde, já que a Tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública no Rio Grande do Norte, provocando o adoecimento e dezenas de mortes em todo o Estado, mas que, entretanto, tem cura”, disse Valéria Nepomuceno, responsável técnica pelo Programa Estadual de Tuberculose.

A nota é técnica e, em primeiro momento, pode não se relacionar com as pessoas em geral. Nada disso. Os sintomas de Covid e tuberculose, que se confundem, precisam ser rapidamente identificados. E como estes profissionais farão isso, evitando erros nos tratamentos? A Sesap recomenda medidas como: “busca ativa dos tossidores que procurem os serviços de saúde na demanda espontânea; promover o encaminhamento das amostras para o diagnóstico laboratorial o mais precocemente possível, realizando as coletas com adequado equipamento de proteção individual (EPI) e em ambiente com ventilação adequada, além de manter as amostras sob refrigeração e protegidas da luz solar durante o transporte”.

“Assim, um dos principais desafios dos serviços de saúde é evitar o diagnóstico tardio da tuberculose e, com isso, atraso no início do tratamento, o que pode agravar o quadro clínico em caso de infecção simultânea com a Covid-19”, explicou Valéria Nepomuceno.

E se o paciente com sintomas for diagnosticado com tuberculose? A recomendação de procedimento será através de modalidade chamada de “Tratamento Diretamente Observado (TDO)”, através de teleconsulta ou chamada de vídeo, para que o paciente não necessite comparecer à Unidade de Saúde apenas para o recebimento dos medicamentos necessários, evitando assim abandono de tratamento.

O RN já notificou até o momento, em 2020, um total de 778 casos de tuberculose, sendo que quatro deles também foram acometidos pela Covid-19, todos com desfechos favoráveis. No entanto, há um decréscimo de 11% no número de casos notificados em relação ao mesmo período do ano passado.

Dos 57 óbitos com menção de tuberculose, registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), nenhum teve associação com a doença pelo Coronavírus.