Música

Como a nova música de Chico César, “Bolsominions são demônios”, vai direto ao ponto?

Agora, com o universo bolsonarista concretizado e, em plena pandemia, o artista segue com suas letras incisivas e gerando controvérsia não apenas entre os seguidores de Bolsonaro

Por William Robson

Chico César sempre utilizou suas músicas como ferramenta política de cunho progressista. E desde os shows em que posicionou contra o golpe da presidenta Dilma Rousseff até participações no acampamento Lula Livre, o cantor paraibano demonstra o seu lado muito oposto à direita que promoveu o golpe de Estado e ao bolsonarismo , que resultou de tudo isso.

Um dos shows mais marcantes de Chico César em seu Estado se deu em Monteiro (PB), quando participou da festa de “inauguração” da etapa da Transposição do Rio São Francisco. O ex-presidente Lula participou de cerimônia simbólica, em 2017, reunindo uma multidão, uma semana após o fracasso de público e a evento discreto capitaneado por Michel Temer.

Chico César já mostrava a sua revolta. Dois anos depois, emplacava nos eventos contra o golpe e contra o processo fascista que se construía no país a canção “Pedrada”: “Mas nós temos a pedrada pra jogar/A bola incendiária está no ar/Fogo nos fascistas/Fogo jah”. Agora, com o universo bolsonarista concretizado e, em plena pandemia, o artista segue com suas letras incisivas e gerando controvérsia não apenas entre os seguidores de Bolsonaro.

“Bolsominions são demônios” é a nova música do Chico César. Não recorre a eufemismos, nem tenta passar a mão na cabeça dos fascistas. Vai com tudo e, quando envolve religião, cutuca os evangélicos que, em boa parte, aderiu à lógica antipovo e anticristã de Bolsonaro.

A letra é a seguinte: Bolsominions são demônios/ Que saíram do inferninho/ Direto pro culto para brincar de amigo oculto com satã num condomínio/ Bolsominions são vergonhas/ Que pastavam distraídos/ Whisky modesto/ horror a festa/ E a risada instruída/ A bolsa de valores sem valores/ Os corpos molhados sem alma/ O sangue de barata e a raiva por toda humanidade que não quer ser salva/ Refrão: A bolsa de valores sem valores/ Os corpos molhados sem alma/ O sangue de barata e a raiva por toda humanidade que não quer ser salva.

Alguns conservadores reagiram em seu Estado. Sites paraibanos informaram que a vereadora Eliza Virgínia, de João Pessoa e que é evangélica, reagiu dizendo que Chico César precisaria de oração. “Quem está endemoniado é você e se você quiser, a gente faz uma oração e Deus tira o demônio de você”, afirmou refutou a vereadora, que pretende destacar voto de repúdio ao cantor  na Cãmara Municipal.

Afora as manifestações contrárias de bolsonaristas mais radicais, Chico César segue o seu percurso de luta pela democracia, fazendo valer o seu talento e sua impressionante capacidade de ir direto ao ponto.