Entrevista ao Foro de Moscow

Cláudia Regina: “Não tenho vergonha de dizer que fui para o fundo do poço”

“Teve determinada fase da minha vida, aquele momento, que senti até mesmo a minha sombra me abandonar. Porque a minha alma estava dolorida, destroçada”, desabafou

O jornalista Bruno Barreto chegou a dizer que a entrevista de Cláudia Regina ao Foro de Moscow (assista abaixo), nesta quinta-feira (16) seria o momento de ela abrir o seu coração. Foi o que aconteceu. Em uma hora e meia de conversa, a ex-prefeita de Mossoró não falou somente de política, mas do seu drama pessoal após ser cassada em 2012, e enfrentar 11 processos. A entrevista esteve longe de ser meramente protocolar, como muitas vezes ocorrem com alguns políticos. Foi praticamente uma Cláudia Regina no divã.

Cláudia destacou o que sentiu quando foi retirada do Palácio da Resistência. ” É muito doloroso você estar em um processo, construindo uma cidade, com as pessoas e instituições, para resolver o seus problemas e de repente, alguém chega e diz assim, depois de 11 meses: “Saia do meio, que você não pode mais ficar aqui”. Isso é muito doloroso”, disse. E que antes disso, buscou ela mesma acompanhar pessoalmente todo o andamento dos processos.  “Seguramos na mão um do outro durante toda sessão”, disse.

Ainda pagando multas decorrentes dos processos, “do próprio salário de servidora pública”, a ex-prefeita se prontificou a falar para a Agência Moscow somente quando a situação ficasse mais clara para ela do ponto de vista eleitora. Com o adiamento das eleições para 15 de novembro, a possibilidade de ser candidata é real, segundo ela. Mas, não esclareceu exatamente em que condições esta candidatura se dará.

No entanto, aproveitou o momento para sugerir uma armistício capaz de congregar sujeitos da oposição em busca de um objetivo comum que é derrotar a atual prefeita Rosalba Ciarlini. “É hora de baixarmos as armas”, afirmou. Cláudia, que dirige o DEM local, não descarta, inclusive, conversar com partidos historicamente antagônicos, entre eles o PT.

Boa parte da entrevista serviu também para que Cláudia expusesse o seu drama pessoal pós-cassação, não compartilhado na imprensa. Ela mesma afirmou nos bastidores do programa que fez revelações inéditas. “Teve determinada fase da minha vida, aquele momento, que senti até mesmo a minha sombra me abandonar. Porque a minha alma estava dolorida, destroçada”, desabafou.

Diante do abandono, ela encontrou apoio de pessoas mais simples. “Na hora que eu me permito ser curada pelo amor que o outro me dá, como tomar um sopa em uma cozinha após eu chegar de Brasília, sem saber que rumo eu iria tomar na vida, eu me permito a aceitar o que o outro tem a me oferecer. Naquele momento, era a acolhida de um sopa em uma casa, em uma cozinha humilde.Tenho muita honra de frequentar as cozinhas humildes”.

Ao longo da conversa, a ex-prefeita foi dissecando seus momentos e chegou a afirmar: ” Eu só tenho a oferecer o que tenho, o que sou, neste formato. que não tem vergonha, nem problema em dizer que foi para o fundo do poço”, afirmou ela. “Que não tem vergonha de dizer que tive dias que não tinha coragem de abrir a porta do meu quarto”.

Ao falar de abandono, ficou claro que as pessoas antes suas aliadas na campanha e na prefeitura, no curto prazo que esteve à frente do Executivo, viraram as costas. Neste momento, o jornalista Bruno Barreto questiona se a ex-prefeita sentia-se traída pela ex-prefeita Rosalba Ciarlini. Cláudia respondeu: “Sinto que não foram corretos comigo”.

Foto: Marcos Garcia/Jornal de Fato