Educação

“Chance zero”: O “papel riscado” de Aldemir

No dia seguinte à “deflagração” da greve, o secretário de Planejamento foi para as redes sociais explanar a situação fiscal do Estado

Por William Robson

Os professores do Estado decidiram entrar em greve em clima de armistício. A reunião que definiu pela paralisação ocorreu nesta sexta-feira (3), porém, efetivamente só cruzarão os braços na terça-feira (7), ofertando margem para uma última conversa com a governadora Fátima Bezerra, em agenda na Europa, quanto à reivindicação do cumprimento do reajuste de 14,95% do piso nacional da categoria

No dia seguinte à “deflagração” da greve, o secretário de Planejamento, Aldemir Freire, foi para as redes sociais explanar a situação fiscal do Estado. Ao apresentar “papel riscado” aos professores (referência utilizada contra o prefeito Allyson Bezerra na audiência em que o Município buscou negociar dívidas do Estado), Aldemir afirmou com todas as letras que a possibilidade de garantir as demandas dos docentes é “zero”.

Os cálculos de Aldemir Freire apresentados no Twitter

E levantou um questionamento: “Se o governo do estado atender aos professores na forma como eles querem vai inviabilizar a prestação dos serviços públicos, os investimentos e atrasar salários (inclusive dos professores). Pelos meus cálculos os custos do piso para esse ano consumiria 92% do espaço fiscal. Ou seja, do aumento de receitas projetado para esse ano, 92% seria consumido pelos professores (ativos e inativos) e apenas 8% para o crescimento de TODAS as demais despesas (inclusive o custeio e o investimento da própria educação). Isso é ou não inviável?”

O argumento de Aldemir foi reforçado por nota da Secretaria de Educação, que pediu aos professores “contrapropostas aplicáveis, tendo em vista o equilíbrio fiscal do Estado”.  Os “cálculos do próprio Aldemir” apontam impacto do piso de 2023  de R$ 580 milhões (dois terços desse valor vão para inativos). E acresce aí, segundo ele, o valor do pagamento do retroativo de 2022: R$ 430 milhões. “Custo total R$ 1 bilhão”, reforça.

Com o seu próprio levantamento, rebate os professores.  “Possibilidade das finanças do RN acomodar em 2023 um aumento de folha com a educação da ordem de R$ 1 bilhão, sem as contas do Estado entrarem em colapso: ZERO.”