Carlos Eduardo já fala como aliado
Todos praticamente já têm certeza de que a aliança com Fátima será consolidada. Quanto a isso, nenhuma novidade. Os detalhes estão em outros sinais emitidos pelo ex-prefeito de Natal
Por William Robson
Há muitas situações em que podem ser diagnosticadas através dos seus sinais. E no campo político, sinalizações são emitidas o tempo todo. No que se refere ao ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo, existe uma particularidade. O seu nome é cotado para integrar a chapa majoritária da governadora Fátima Bezerra. Quanto a isso, nenhuma novidade. Todos praticamente já têm certeza de que a aliança será consolidada. Também, nenhuma novidade. Os detalhes estão nos demais sinais: ele já fala como aliado e não esconde isso de ninguém.
Formalmente, o ex-prefeito não foi anunciado como o senador de Fátima. Há quem coloque lenha na fogueira para que não seja o escolhido. Sobretudo, ala importante do PT, contrariada em ter de pedir voto para quem ainda é considerado oligárquico. Inclusive, começa a chover falas antigas de Carlos Eduardo dizendo que “Fátima Bezerra não sabe administrar nenhuma birosca”. Há tentativa de reforçar o discurso contraditório e de desconfiança do ex-prefeito.
No entanto, se as pessoas mudam, imagine os políticos. Com Carlos Eduardo não é diferente. Não apenas esqueceu o discurso de outrora, como já se reveste de aliado da governadora. Aliado este, que já ataca os opositores e reforça os atributos da gestora. Se você estava esperando algum sinal de que a aliança não se trata apenas mera aproximação, não deixe o bonde passar.
Em entrevista à Agência Saiba Mais, Carlos Eduardo fez um mapeamento diacrônico de sua relação com Fátima, a fim de justificar estar ao seu lado. “No Estado, eu e Fátima fizemos alianças diversas, como em 2004 que Fátima votou comigo e em 2008, quando ela foi nossa candidata a prefeita. O passado não é só 2018″, reforça, em tom pacífico. ” Eu fiz essa autocrítica, declarei que me arrependi do voto em Jair Bolsonaro. Temos eu e Fátima mais um histórico de alianças do que de divergências, como houve em 2018″.
Carlos Eduardo aponta que 2018 foi um ponto fora da curva, excepcionalidade que não deve transcender a boa relação com Fátima de muito tempo. Este sinal demonstra a necessidade de se justificar, ante a militância petista incrédula, de que é possível confiar nele. O ex-prefeito apresenta suas credenciais como forma de se legitimar no grupo.
E, a partir daí, torna-se apologista de Fátima e de seu governo. “A governadora pegou o Estado afundado em dívidas, com uma crise fiscal, quatro folhas atrasadas deixadas pela gestão anterior e vem resolvendo isso tudo. Enquanto isso a oposição está desorganizada, dividida. Falam muito numa possível candidatura de Ezequiel Ferreira de Souza, mas, Ezequiel não quer, ele está aí mais porque insistem com ele. A verdade é que Fátima hoje não tem adversários”, avalia.
Ou seja, não basta apenas elogiar o desempenho da governadora. Os sinais emitidos apresentam o lugar de fala de Carlos Eduardo, ao visualizar a “oposição” pelo lado de fora. Ele não se coloca como oposição. A oposição desorganizada e dividida, em seu relato, não o inclui. Ele já fala como fiel aliado de Fátima, como um governista.