Voto impresso

Benes vai se submeter às urnas “fraudáveis” em 2022?

Deputado federal aderiu à lógica bolsonarista que lança dúvidas ao método eleitoral brasileiro, o mesmo que o elegeu deputado federal nas últimas eleições, em 2018

Por William Robson

O deputado federal Benes Leocádio (Republicanos) já começou a sua peregrinação pelo Estado. Ungido pelo ministro Rogério Marinho, é o candidato bolsonarista para enfrentar a governadora Fátima Bezerra nas eleições do ano que vem. Marinho foi quem lançou o seu nome para o Governo do Estado e agora o seu desafio é tornar-se conhecido e aceito pelo restante do RN, além da região Central. É um desafio, realmente, visto que a governadora Fátima Bezerra vem com amplo favoritismo em seu projeto de reeleição.

Benes colou em Marinho, mas tenta se desvencilhar publicamente de Bolsonaro. Apenas publicamente. Sabe que mais de 70% dos eleitores potiguares têm ojeriza ao presidente da República. Logo, Bolsonaro não é exatamente uma força enquanto cabo eleitoral. Mesmo assim, Benes não nega os apoios, inclusive de tratores da Codevasf, instrumento utilizado para turbinar sua candidatura e a de seu mentor.

Benes, assim como o deputado General Girão, não decepciona o “mito”. E assim aconteceu na votação da famigerada proposta do voto impresso, uma espécie de retorno ao telex, ao mimeógrafo e as máquinas fotográficas Love. Como sabemos, de onde menos se espera é que não vem nada mesmo, já dizia o Barão de Itararé. Benes Leocádio aderiu à lógica bolsonarista que lança dúvidas ao método eleitoral brasileiro, o mesmo que o elegeu deputado federal nas últimas eleições, em 2018.

Ou seja, o deputado potiguar, representante do bolsonarismo para enfrentar a governadora Fátima Bezerra, não acredita no sistema de eleições das urnas eletrônicas do Brasil. Ele se une a Carla Dickson (PROS) e Girão no contigente de parlamentares eleitos que veem vulnerabilidade nas urnas eletrônicas.

Quem afirma que Benes é um dos que não creem na integridade das eleições é o próprio Bolsonaro. Logo após o resultado da votação, afirmou: “Estou feliz com o Parlamento brasileiro. Não tivemos 308 votos, mas (foi) 229 a 218 (votos), se não me engano. 10, 11 (votos) de diferença, pouca coisa. Mas é uma demonstração que esse pessoal votou de forma consciente e deu um grande recado ao Brasil. Eles não acreditam na lisura das eleições”.

Para Bolsonaro, esta parcela do Parlamento veem as urnas como fraudáveis. Benes vê como fraudável também, mas mesmo assim está disposto a concorrer nas eleições de 2022, seguindo o sistema pelo qual não consente. Contingente do qual integra poderia se insurgir evitando se submeter a um “sistema falho, passível de invasões e não auditável” (segundo eles, claro, é bom deixarmos bem delimitado).

Se a tendência de reeleição da governadora Fátima persistir, como se apresenta, Benes terá condições de reconhecer a sua vitória ou vai se unir aqueles que fazem do voto impresso (já superado) o pretexto dos derrotados de antemão?