Assistentes sociais: dia para refletir, resistir e ressignificar!
Somos uma das poucas profissões no mundo que têm a liberdade como princípio ético central e a defesa intransigente dos direitos humanos expressas no código de ética para pautar nosso exercício profissional. Artigo de Janaína Holanda
Janaína Holanda, assistente social
O Dia 15 de maio é o dia do/a Assistente Social. Somos mais de 100 mil espalhadas pelo Brasil e estamos há mais de oito décadas lutando e relutando contra tudo que nos impossibilita de avançar na direção de uma nova ordem societária mais justa e igualitária. Para alguns essa ideia não passa de utopia, para nós, trata-se de um projeto de profissão. .
Estamos na educação, na saúde, na previdência, no sociojurídico e tantas outras frentes de trabalho. Damos voz e vez e quem precisa, mas não somos a mocinha boazinha ou o rapazinho legal que entrega cesta básica. Nos preocupamos sim com a assistência alimentar porque é uma necessidade básica, mas nosso trabalho não deve ser caricativo. Precisamos superar isso porque temos um trabalho técnico especializado e entendemos que todas as pessoas precisam ter acesso a políticas públicas que funcionem para ter o que precisam sem ter que depender de favor ou compaixão dos outros.
Por isso, a data de hoje deve ser de reflexão, resistência e ressignificação de nossa atuação diária. Agora mais do que nunca pois estamos vivendo a história em seu capítulo mais cruel, onde a retirada de direitos é um projeto de governo. Onde a economia vale mais que a vida humana.
Para nós assistentes sociais, vidas importam e importam muito como bem escreveu minha amiga Anna Luiza. Em tempos de pandemia como a que estamos vivendo agora, somos uma profissão necessária e indispensável pois lutamos pela efetivação de direitos. Lutamos para que a vida de uma pessoa em situação de rua não importe menos que daquela pessoa influente e de recursos.
Estamos na linha de frente e também sucumbindo como vários profissionais da saúde e segurança. Estamos sendo obrigadas a reinventar e ressignificar o afeto, o cuidado e a defesa de direitos como sempre diz minha amiga Ellen Kristhian. Que a data de hoje seja lembrada com um misto de paixão pelo o que fazemos e indignação por tantas injustiças, reafirmando nosso compromisso ético não é Dorisângela Lima? Precisamos fazer isso nos reconhecendo como classe trabalhadora pois é isso que somos.
Diante de tantos descompassos e desvalorização da ciência, estudar e produzir é um ato de rebeldia e resistência. Não recuaremos porque é possível sim seguir em frente sim. Prova disso são as três produções da coleção Psicologia e Serviço Social: referências para o trabalho no Judiciário da editora Nova Praxis que serão lançadas nesta sexta-feira (15) em uma live às 19h. Em plena pandemia, produzimos o Volume Rio Grande do Norte e aqui gostaria de dividir minha alegria com os 18 autores que embarcaram comigo nesse projeto lindo. Estamos socializando as experiências potiguares com todos os Estados e isso é resistir!
Vamos continuar estudando e produzindo para sermos capazes de entender o complexo dos complexos da questão social, na qual precisamos intervir. Quando a tristeza bater ou pensarmos em desistir, lembremos de Raul Seixas: É de batalha que se vive a vida. Por isso, tente outra vez.