Ufersa

As chances de Ludimilla no Consuni

Ela será submetida a novo crivo, agora no Conselho Universitário (CONSUNI) da Ufersa, o colegiado mais importante da instituição

Por William Robson

Desde que a professora Ludimilla Oliveira foi nomeada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como reitora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, em 2020, sua vida virou de ponta-cabeça. Sua nomeação, embora legal, teve forte oposição diante da terceira posição que logrou na disputa. A oposição foi tamanha capaz de sondar sua tese defendida dez anos antes e detectar, segundo as apurações até aqui, elementos que configuram plágio acadêmico.

Como somente os doutores podem ser reitores de universidades federais, sua situação se complicou quando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), instituição a qual ela defendeu a tese, decidiu anular a pesquisa e, assim, cassar seu diploma de doutora.  Ludimilla buscou recursos judiciais e não obteve êxito.

Ela será submetida a novo crivo, agora no Conselho Universitário (CONSUNI) da Ufersa, o colegiado mais importante da instituição. Seu futuro será analisado por um grupo, em sua maioria, de oposição a ela. Não será tarefa fácil para Ludimilla sair desta enrascada.

A reitora sabe disso. É ciente também que  colecionou uma sucessão de erros políticos, desde quando decidiu abraçar de vez o bolsonarismo que a nomeou. Bateu o pé quando decidiu enfrentar opositores e arrebanhou desafetos. No Governo Bolsonaro, a reitora recebia a guarida de deputados como Girão e Beto Rosado. E, até então, tudo parecia andar sem maiores embaraços.

A escuridão se deu, no entanto, quando a chave virou e Lula se tornou presidente. Girão passou a ter moral política incapaz de parar um mototáxi. Beto não se reelegeu. Bolsonaro também não. Ludimilla ficou órfã e vulnerável às investidas dos opositores neste contexto de desvantagem.

Desta vez, o processo contra ela se torna célere. Ludimilla emite carta, recados, notas, nada capaz de mudar sua situação até aqui. A UFRN parece irredutível. Nem a sua orientadora de tese foi suficiente para alterar este cenário.

Sob novo Governo e nova lógica onde os adversários de antes são a situação de hoje, Ludimilla é escrutinada pelo Consuni nesta terça-feira (27). Sua tese é posta como o mérito do debate, porém, sabe-se que trata-se de um julgamento político, não acadêmico. E sem capital político, a reitora terá poucas chances.