Recursos

Ao obstruir emendas para Mossoró, a quem Beto realmente serve?

Ao revelar-se soldado mais fiel ao rosalbismo do que ao povo de Mossoró, obstrui recursos por questões eleitoreiras. Com a eleição de Allyson Bezerra. as emendas para este ano cessaram

Por William Robson

A produtividade do deputado federal Beto Rosado caiu vertiginosamente neste ano. O parlamentear do Progressistas  afirma que destinou ao longo do seu mandato R$ 74 milhões em recursos para Mossoró, número que não aparece no Portal da Transparência ao longo dos seus últimos quatro anos. Garante também que, deste valor, R$ 43.824.539,00 aguardam execução da Prefeitura de Mossoró.  Na verdade, o que consta no sistema é que tais recursos envolvem o RN, em outros municípios. No entanto,  Mossoró não era esquecida. Estava sempre em sua lista de emendas contempladas, como veremos a seguir.

No site do parlamentar não há registro de emendas em 2021 para Mossoró

O site do deputado detalha, por exemplo, o repasse autorizado referente ao ano passado (R$ 278 mil) Assim como consta 2019 (R$ 520 mil); 2018 (R$ 1,4 milhão), 2017 (R$ 950 mil); 2016 (R$ 250 mil).  Se considerar somente o que o próprio parlamentar divulgou em sua página, Mossoró teve autorizados no Orçamento da União recursos da ordem de R$ 3,398 milhões.

Não se pode negar a importância deste dinheiro para Mossoró. Ainda mais quando a família de Beto comandava a Prefeitura, garantindo óleo na máquina estatal. É um sistema retroalimentar, como assinalou o jornalista Carlos Santos, em que os recursos chegam à cidade, são aplicados em obras visíveis e eleitoralmente viáveis. “É uma máquina que precisa ser azeitada”, assinalou.

Este ciclo foi interrompido no ano passado, com a eleição de Allyson Bezerra. Por coincidência ou não, os recursos para a cidade também cessaram.

Emendas ao Orçamento são instrumentos que os deputados e senadores têm para alocar recursos para seus Estados e Municípios. Assim, Beto apresentou emendas para o RN e para Mossoró, este último até o ano passado, quando sua tia, por assim dizer, comandava o Palácio da Resistência. Servindo para azeitar a máquina política do rosalbismo, os recursos não cumpriam exatamente a sua real finalidade. Ou alcançavam em parte, por tabela.

Para este ano, entre todos os parlamentares do RN, apenas dois apresentaram emendas para Mossoró. Beto, deputado daqui, não está incluído. Somente o cearense General Girão e Benes Leocádio, nascido em Santana do Matos. Aliás, o deputado General Girão se empenhou em trazer recursos para Mossoró a p0nto de se destacar entre seus colegas. e até entre os senadores. Beto, por sua vez fora da lista, tentou se justificar. Afirmou haver emendas de anos anteriores que precisam ser executadas.

O vereador Raério Araújo: “Emendas de Beto só quando a família está no poder”

“Eu fiz o levantamento das emendas de Beto. De 2016 para cá, os R$ 43 milhões que ele se refere, é para o Estado todo. Para Mossoró, não é isso. O que me chamou a atenção é que as emendas individuais, de mais de R$ 16 milhões, ele não mandou nada para cá”, explica o vereador Raério Araújo, que inclusive levantou o debate na Câmara Municipal.

Os recursos destinados para Mossoró este ano, por indicação de outros parlamentares,  são R%$ 300 mil da senadora Zenaide Maia, R$ 350 mil do senador Jean-Paul Prates,  R$ 3.330.993 do senador Styvenson Valentim, além de R$ 4.783.336 do deputado General Girão. Os recursos são destinados para diversos fins, desde a estruturação do hospital psiquiátrico à instalação de antena de telecomunicações na zona rural. “Fica muito ruim quando o deputado federal não manda emendas para a sua cidade. Só enviou quando sua família esteve no poder. Em 2016, com Silveira, Beto também não mandou”, lembra Raério, referindo-se ao ex-prefeito Francisco José Júnior.

Os parlamentares e suas emendas destinadas este ano para Mossoró: Beto não aparece

Por outro lado, o deputado federal, que se mantém no cargo por liminar, ao ocupar a cadeira do secretário Fernando Mineiro, diz que este ano repassou recursos para Mossoró. Garante que foram destinadas emendas de R$ 1,1 milhão para instituições de ensino superior e iniciativas de fomento de projetos e oficinas culturais. Estas emendas não aparecem no Portal da Transparência, nem no site do parlamentar.

Por falar em Mineiro, o secretário esteve nesta quinta-feira (10) em Mossoró  para vistoriar as obras do Hospital da Mulher e aproveitou para fazer visita de cortesia ao prefeito Allyson Bezerra. Mineiro, deputado federal diplomado, consegue manter capacidade de diálogo inexistente em Beto. Inclusive, concedeu entrevista à Rádio Difurosa, garantindo ter novidades quanto ao seu processo que pode defenestrar outro integrante rosalbista do poder, especialmente, da Câmara.  Independente deste processo  judicial, nomes proeminentes de Mossoró emergem para abatê-lo nas próximas eleições. Entre eles está o do presidente da Câmara, Lawrence Amorim.

Beto tem motivos para se preocupar. Ao revelar-se soldado mais fiel ao grupo que representa do que ao povo de Mossoró, obstruindo recursos diante das minúcias eleitoreiras, o seu cálculo é baseado na ideia de que a serventia de suas emendas não contempla a sociedade. Serve para a manutenção do sistema político a que integra. Este diapasão é insensível e também está fragilizado.

Pelo visto, os Rosados não “adoram Mossoró” tanto assim, como sempre ressaltavam. É possível afirmar que Rosado adora Rosado. Mas quem sabe, no próximo ano (eleitoral), ele não se redime desse pecado e destine milhões em obras para Mossoró, não é mesmo?