A quem interessa prejudicar o MCJ 2022?
Soa agradável vender truísmo. Não é atingindo setores culturais e turísticos que levará outros setores prioritários, como saúde e educação, ao nível do idealismo
Por William Robson
O Ministério Pùblico do RN decidiu engrossar o coro da controvérsia iniciada entre Anitta e Zé Neto sobre o uso de recursos públicos para eventos. Através de uma ação que neutraliza duas atrações do Mossoró Cidade Junina, quer sanar o déficit de profissionais para atendimento a alunos com deficiência. A mira foi em direção às apresentações de Xand Avião e Wesley Safadão.
As duas atrações têm custo de R$ 1 milhão e o MP quer direcionar este dinheiro para a organizar a contratação de professores auxiliares da educação especial, profissionais de apoio, intérpretes de Libras, guias intérpretes e equipes multidisciplinares formada por psicólogos assistentes sociais, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Não serão duas bandas que resolverão tão complexo panorama da educação especial. Por esta razão, a ação não deverá prosperar no âmbito do Judiciário.
Mesmo assim, a Prefeitura explicou que, atualmente, 365 estagiários auxiliares de sala para alunos com deficiência estão contratados pela Secretaria Municipal de Educação e com exercício nas unidades infantis. E que ampliou o número de Salas de Recursos Multifuncionais voltadas para o Atendimento Educacional Especializado (AEE). No início de 2021, eram 14 unidades contempladas com salas de AEE, número que passou, atualmente, para 21.
Agora, o MP alega que a Prefeitura não quis assinar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), motivando, assim, a ação. A pressão, portanto, visou colocar o tema no debate, enquanto a Prefeitura alega que sempre esteve aberto ao diálogo acerca deste assunto.
Em nota, a Prefeitura de Mossoró disse que “estranha o fato de que os artistas da programação do Mossoró Cidade Junina 2022 foram divulgados pelo município no dia 12 de abril (há 50 dias), no entanto, o questionamento do MP sobre a programação surge apenas há três dias do início do evento, marcado para o próximo sábado, dia 4 de junho”. Quais as razões para tamanha demora do Ministério Público em se manifestar?
Em todos os anos o MCJ é tratado como evento supérfluo, marginalizando a cultura e o turismo. Importante ressaltar que mais de R$ 30 milhões devem movimentar a cidade durante o evento este ano, gerando renda ao vendedor de espetinho e lucros ao hotel de luxo. A cidade vive o clima junino e se orgulha deste momento. O orçamento público do município contempla os custos, mediante os olhares da Câmara, Controladoria e outros filtros. Há relevância a ser considerada neste período, após pandemia que atingiu fortemente o setor.
Soa agradável vender truísmo. Não é atingindo setores culturais e turísticos que levará outros setores prioritários, como saúde e educação, ao nível do idealismo. E atingir o MCJ é mais do que sintomático, na medida em que trata-se de um dos eventos mais importantes do Estado, que irradia pelo Nordeste.
A reputação do evento foi abalada com a ação, pois repercute nos turistas prontos a visitarem a cidade. Isso porque a Promotoria atuou a três dias do início da festa.
O MP só age se “for provocado”. Ou seja, há interesses políticos e setores interessados nesta associação. Tem quem não considere relevante as festas juninas e até o Mossoró Cidade Junina. Sim, existem estas pessoas. Tem quem considere desnecessário investir no esporte ou patrocinar o futebol profissional local, por exemplo. Tem que vire as costas para o meio ambiente ou agricultura familiar…
A causa da educação especial também deve ser levada em consideração, observando sua seriedade em busca de soluções reais, com orçamento específico, debruçado cuidadosamente pelos vereadores, sem comprometer outros setores também essenciais. Que o tema seja levantado e discutido sem a busca incessante por holofotes que emanam da grandeza do MCJ.