Eleições

A militância envelhecida de Rosalba

Rosalba decidiu aplicar um termômetro na sua militância. Queria aferir a força do grupo em relação ao apoio ao novo aliado. Nesta segunda-feira, 12, reuniu os militantes e candidatos no sítio Cantópolis

Por William Robson – Agora RN

Não se pode negar que a ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP) foi um fenômeno político. Quatro vezes prefeita de Mossoró, foi senadora e alcançou o Governo do Estado. Uma ascensão iniciada em 1988 e que agora já dá fortes sinais de desgaste e decadência. Ela tem consciência disso. Sua derrota ante Allyson Bezerra (UB) em 2020 foi surpreendente. Ali também estava sacramentado o início do fim de um ciclo político.

Quatro anos se passaram e a ex-prefeita, antes imbatível, sequer colocou seu nome como alternativa de revanche. Nas primeiras pesquisas, sem cravar sequer dois dígitos, mesmo assim ainda emergia como o melhor nome da oposição. No entanto, algo estava claro: seu grupo havia evanescido e o que sobrou foram apenas poucos rosalbistas envelhecidos.

Sim, o capital eleitoral de Rosalba não foi renovado. Ela esbarrou nos anseios da juventude. E diante deste cenário, deixou claro que não seria candidata a nada em 2024. No entanto, o que restou da sombra rosalbista era disputado por candidatos como Lawrence Amorim (PSDB) e Genivan Vale (PL). O rescaldo rosalbista ainda guardava serventia para ambos.

Às vésperas da convenção do seu partido, Rosalba ensaiou uma estratégia. Revelou para seus correligionários mais próximos de que lançaria seu nome para a disputa a uma vaga na Câmara Municipal. O alvoroço atingiu o núcleo de seu partido. No dia 4 de agosto, data da convenção, a nominata foi implodida. Os principais nomes do agrupamento, a ex-prefeita Cláudia Regina e a ex-vereadora Arlene Sousa, pularam do barco, negando-se a servir de reboque da ex-prefeita.

Neste evento constrangedor e com nominata despedaçada, coube a Rosalba apenas anunciar um apoio a Genivan Vale, suporte este motivado por negociações nos bastidores que incluíram a venda de uma emissora de rádio deficitária pertencente a ela. Genivan seria o caminho natural da escolha de Rosalba para muitos analistas, devido os interesses do senador Rogério Marinho (PL), em ampliar espaços em Mossoró.

Após o anúncio, Rosalba decidiu aplicar um termômetro na sua militância. Queria aferir a força do grupo em relação ao apoio ao novo aliado. Nesta segunda-feira, 12, reuniu os militantes e candidatos no sítio Cantópolis, reduto político rosalbista, em número tão diminuto que atestou a baixa influência de alguém que antes detinha ampla influência.

Ela percebeu isso e pediu daquela pequena e envelhecida militância mais do que elas poderiam dar, algo sobre-humano até, na disputa destas eleições. “Tem que ser uma força maior, uma dedicação maior, uma luta maior. Nenhuma caminhada é fácil”, esbravejou ao grupo.

Genivan, por sua vez, agradeceu o apoio e foi até mais otimista. “Estar ao lado de Rosalba, desses pré-candidatos, me energiza, me conforta em saber que terei um exército para caminhar pelas ruas de Mossoró. Os soldados estão aqui e o Capitão vem aí!”, declarou. Ele referiu ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que desembarcará no RN nesta quinta-feira para participar de ações de aliados.

Genivan e o “exército” de Rosalba esperam Bolsonaro para descer a Avenida Presidente Dutra, uma ação simbólica de recorrentes manifestações exitosas na cidade. O ex-presidente deve chegar de moto no início da noite.