A Globo não demonstra solidariedade. Demonstra cinismo
Relatar a vida de quem morreu não é sensibilidade quando este mesmo veículo combateu sistematicamente a vida de quem vivia, quando este deixava a miséria, alcançava seus sonhos, garantia seu trabalho, sua casa ou seu apartamento ou as três refeições diárias
A edição impressa do jornal O Globo deste dia 11 de maio dá nome aos dez mil mortos por Covid e coloca na capa de sua edição impressa. Todos estão lá, numa página bem desenhada, em um formidável trabalho de pesquisa.
No mesmo dia, o programa Fantástico, da Globo, recorre a atores para relatar a vida de quem parecia ser só número. Interpreta as impressões que amigos e familiares tinham do ente que partiu diante desta tenebrosa pandemia.
Na semana passada, o âncora do Jornal Nacional, William Bonner, leu um editorial com veemência e inúmeros meneios de cabeça para reforçar os cuidados e criticar a falta de ação do governo federal. E chegou a afirmar algo realmente pertinente: ” Hoje, são 8.500, amanhã a gente não sabe. Quando é assim, o baque só acontece quando quem morre é um parente, um amigo, um vizinho, ou uma pessoa famosa”. Mas, o que tudo isso significa?
Puro cinismo.
Relatar a vida de quem morreu não é sensibilidade quando este mesmo veículo combateu sistematicamente a vida de quem vivia, quando este deixava a miséria, alcançava seus sonhos, garantia seu trabalho, sua casa ou seu apartamento ou as três refeições diárias.
A Globo lutou contra a vida destes o tempo todo até neutralizar governos progressistas em prol do povo e abrir caminho para o ódio ilimitado, insano, que culmina na prisão do candidato que venceria as eleições para dar lugar ao produto de tudo isso, uma figura insensível, antipovo, que , associado à pandemia, encarna a morte.
Capinha com nomes das vítimas e Fantástico para fazer chorar quem esquece rápido de como chegamos aonde estamos e nos níveis de morte de alcançamos, não é solidariedade.
É cinismo.