Eleições

A fala de Marleide para “suavizar” o bolsonarismo

Ela concedeu entrevista ao jornalista Saulo Vale, à Rádio Rural, em que apresenta suas razões para se aliar aquele que fez campanha para o arquirrival visceral do partido, o ex-presidente Jair Bolsonaro; Vereadora diz também que questão com discordantes, como Ana Flávia, será superada. “A gente vai todo mundo junto”

Por William Robson

A vereadora Marleide Cunha reapareceu para dar suas impressões sobre a controvertida aliança do PT com o presidente da Câmara, Lawrence Amorim (PSDB), em sua pré-candidatura a prefeito. Ela concedeu entrevista ao jornalista Saulo Vale, à Rádio Rural, em que apresenta suas razões para se aliar aquele que fez campanha para o arquirrival visceral do partido, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em tom claramente constrangedor, Marleide se esforçou bastante para defender o acordo.

Na conversa, Saulo lembrou que a aliança não foi unânime dentro do partido. A presidente da Juventude PT em Mossoró, Ana Flávia Lira, tem divulgado reiterados vídeos sobre a incongruência da legenda neste episódio de “apoio a um bolsonarista”.

Marleide vê diferente. Apoiá-lo é defender a bandeira da democracia. “Eu não posso ser sectária se condeno o sectarismo, nem autoritária se condeno o autoritarismo”, declara, ao falar do acordo. Neste caso, para a vereadora, o autoritarismo não é uma característica própria de Bolsonaro, mas do prefeito Allyson Bezerra.

PT e bolsonarismo são oponentes “em alguns momentos”, segundo a vereadora. “É para derrotar um mal maior, e este mal maior é o prefeito, um perigo à democracia”, explicou.

Neste momento, o jornalista Saulo Vale intervém: “Mas, Lawrence defendeu um candidato que foi um real perigo à democracia, que foi Bolsonaro…”.

Este rápido retrospecto de Saulo embaraçou a vereadora em sua missão de suavizar o bolsonarismo. “Já pensou se eu tiver que rotular 45 mil pessoas que votaram em Bolsonaro e não puder dialogar com elas? Lawrence fez campanha, votou em Bolsonaro, mas ele não tem o perfil. Essa é a minha opinião”, disse. “Antes não existia este tal nome “bolsonarista”. Foi inventado. Não vou rotular quem votou em Bolsonaro de “bolsonarista”.”

Para Marleide, as controvérsias internas no PT, como no caso da Ana Flávia, por conta desta aliança, serão superadas. E que o grupo dissidente vai mudar de ideia. “Depois de todo este debate, a gente vai todo mundo junto, porque o contexto político exige esta unidade. Lawrence não é da esquerda, mas não é extremista”, alega, sobre o presidente da Câmara que precisou apagar vídeos críticos ao PT e em apologia contundente ao Bolsonaro para garantir este acordo.