A diferença ao ressuscitar o projeto do santuário
A proposta de construção de um santuário dedicado à Virgem de Siracusa é quebrar este fluxo concentrado em dezembro e ampliá-lo o ano todo
Por William Robson
Quando chega o mês de dezembro, Mossoró se transforma. Pelo menos dez dias são dedicados às festividades de Santa Luzia, padroeira da cidade. Fala-se que, entre os tais dias e o ápice do evento, 13 de dezembro, a procissão, centenas de milhares de pessoas passam por Mossoró. Após este período, a cidade volta ao seu fluxo normal.
A proposta de construção de um santuário dedicado à Virgem de Siracusa é quebrar este fluxo e ampliá-lo o ano todo. Porém, não é a descoberta da roda. Em 2016 já se falava neste assunto em Mossoró, ideia que partiu do então prefeito Silveira Júnior. Iniciativa importante, embora atabalhoada e recheada de inconsistências na execução inicial. À época, falou-se em doação de R$ 15 milhões por um suposto devoto da padroeira chamado Antônio Pacheco da Silva Filho. O projeto de construção na serra Mossoró parou no Ministério Público. Havia denúncias de ausência do projeto ambiental e de viabilidade econômica. Silveira deixou a prefeitura e o assunto não foi mais retomado.
O presidente da Câmara, Lawrence Amorim, por sua vez, desengavetou a ideia, não o projeto. É mais amplo, indo além do monumento e dos arredores, mas focando nos aspectos turísticos e econômicos nos moldes de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, e Santa Rita, em Santa Cruz. “São dois exemplos que servem para Mossoró”, disse, ao reavivar o projeto em sessão na Câmara, no dia 7.
O projeto ficou mais amplo e sem doadores que sairiam do nada. Dessa vez, há apoio de importante parcela da sociedade. Entre eles, do padre Sátiro Cavalcante Dantas. “Então, com o Santuário de Santa Luzia, tenho certeza que não vai faltar gente para ajudar”, afirmou, ressaltando o sucesso do santuário do Lima, em Patu, e da estátua Frei Damião, em São Miguel,
A perspectiva é de manter uma rotatividade de fieis o ano todo e não somente em dez dias. Lawrence fala em dois milhões em alguns anos. “Isso implicaria em ao menos R$ 200 milhões anualmente injetados na economia local e cerca de dois mil empregos diretos e indiretos gerados”, projeta.
A possibilidade de sair do papel é maior em relação ao período de Silveira, diante do apoio da sociedade, o que não se via na estratégia anterior. O presidente da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (Acjus), Wellington Barreto, por sua vez, disse ter o apoio de 10 a 12 academias à ideia. “No passado recente, houve descrédito com esse projeto, pela forma como foi encaminhado. Mas como o presidente Lawrence está buscando encaminhar, é a forma correta. Vamos abraçar essa causa”, disse.
As costuras em torno do tema já começaram.