PL 2630

A saída que evitou o vexame do PL da Globo

A desinformação jamais entrou efetivamente nesta discussão

Por William Robson

As fakes news jamais foram o mote do projeto de lei 2630. A desinformação não entrou, a rigor e efetivamente, nesta discussão. O centro do imbróglio envolve as grandes corporações de mídia: as chamadas big techs e a Globo. Era briga de cachorro grande, onde a emissora brasileira saiu derrotada. Lideranças do Congresso admitem que o projeto não voltará tão cedo à pauta da Câmara dos Deputados.

O relator, o deputado Orlando Silva, pediu para que a votação fosse adiada sob o pretexto de se debruçar sobre sugestões aportadas de última hora. Claro que isso era balela. A votação, caso seguida adiante, condenaria o projeto à derrota. O cálculo apontava que mais de 260 deputados votariam contra.

O editorial de O Globo desta terça-feira (2), com o título “Aprovação do PL das Fake News será avanço civilizatório” lembrou os seus posicionamentos polêmicos quando foi contra a implantação do décimo-terceiro salário (“Considerado desastroso para o país um 13º mês de salário”, afirmou o jornal em abril de 1968) e sobre o golpe militar de 1964 (“Ressurge a democracia”).

Chamada do Globo sobre a criação do décimo-terceiro salário

O interesse da Globo era nítido e cristalino. Orlando Silva ascendeu ao patamar de estrela global, com entrevistas duradouras e recorrentes. O seu deslumbramento também estava nítido.

O debate sobre a desinformação é necessário e urgente, mas precisa ser levado a sério. Não a partir de interesses de grandes conglomerados de mídia que disputam fatias gordas de recursos de publicidade, nem de influência política sobre a sociedade. Porém, se aprofundando no tema, considerando o valor real do jornalismo neste enfrentamento. Aliás, o jornalismo só foi lembrado no projeto na instalação de um fundo que beneficiaria fortemente sabe quem?  Ela mesma: a Globo.