A crise que paira no Partage Shopping

Por William Robson

Sport Master, Bonesse, Burger King, Polishop, Fígaro Barbearia. Todos estes empreendimentos estavam localizados em um único lugar, o Partage Shopping, e, em pouco tempo, anunciaram o fechamento de suas portas. Uma nuvem de tempestade paira sobre o empreendimento fundado em 2007 e que abriga quase uma centena de lojas.

Nos últimos dias, o shopping ganhou o noticiário ante a enxurrada de fechamentos. O mais recente foi o da Fígaro Barbearia, que divulgou em suas redes sociais o encerramento das operações após cinco anos. Mês passado, foi a vez da Polishop sob a alegação de uma reestruturação nacional, que incluiu Mossoró. Antes que o Whopper Costela mudasse o nome para Whopper Paleta Suína, por conta da polêmica de não conter costela entre os ingredientes, o Burger King  já não estava mais lá.

A Sport Master mudou de endereço e agora optou por um mall na Avenida João da Escóssia. O restaurante Bonesse, após divergência com a administração do shopping no ano passado, escolheu também a principal via do Nova Betânia que se transforma em importante centro comercial e gastronômico da cidade.

O Oitava Rosado Mall, por exemplo, deve ganhar um cinema, concorrendo com o Multicine, no Partage. A lógica dos chamados “street malls”, pequenas galerias com lojas e praça de alimentação, ganha força no Nova Betânia. E fecha o cerco contra o rigor do Partage imposto aos seus condôminos.

“No ritmo que vai não bate dezembro o Partage Mossoró. Aqueles Senhores de Engenho que administram o shopping tratam condôminos, comerciários e clientes como gente de senzala. RH por ali significa “Relações Horrorosas”. Uma pena, mas realismo fantástico”, diz o jornalista Carlos Santos, em seu Twitter, ao comentar o episódio dos fechamentos.

Há fatores os mais diversos para a crise que se instalou no Partage. Do tratamento dado aos lojistas, pouco amistoso, ao preço do aluguel cobrado a valores  fora de órbita. A concorrência das lojas online é outro agravante, somada à cobrança de estacionamento e os atrativos poucos convincentes do ponto  de vista de lazer e cultura.

Quanto à Polishop, realmente, há plano de reestrutura da empresa, com foco no digital. O seu fundador, João Appolinário, explicou no site da Fecomércio SP que “estamos fazendo desde o fechamento das lojas é acelerar o digital para que passe a ser 75%; e as lojas físicas, 25%”. Todas as 261 lojas físicas, 99% delas em shoppings, tiveram de fechar as portas. Mossoró entrou na lista.

O crescimento de pequenos shoppings, chamados malls, no Nova Betânia, pretende facilitar a vida de quem busca maior comodidade e rapidez, em termos de consumidor, e ao mesmo tempo garantir menos preocupação, do ponto de vista do empresário. Na João da Escóssia, é possível encontrar uns cinco estabelecimentos do tipo (começando pela praça de alimentação do Porcino, o Eco Park, o citado Oitava Rosado e West Mall, até outros nas imediações do viaduto, com lugares para locação). É possível encontrar galerias que congregam várias lojas, restaurantes e lanchonetes. Em um destes malls tem até academia e rooftop (tendência nas grandes cidades).

No entanto, é cedo afirmar que se trata de uma migração natural ou econômica. É possível que o Partage aplique novas políticas de relacionamento com o seu lojista e com o cliente. Até mesmo com seus funcionários: todos lembram quando foi iniciada a cobrança de estacionamento para os seus empregados. Ou seja, trabalhador no Partage, paga para trabalhar.

Enquanto isso, crescem as opções na João da Escóssia: de farmácias, consultórios, malls, academia, praças de alimentação para todo os gostos e estabelecimentos dos mais diversos. Pelo visto, a avenida está se tornando um shopping a céu aberto com negócio garantido e concorrência pesada para o Partage.