Eleições 2022

A crise de identidade de Fábio Dantas

Fábio quer fugir do bolsonarismo. Começa a adotar um estilo mais tranquilo, moderado e até mesmo sentimental. Diz que vota em Bolsonaro, mas não é o candidato dele

Por William Robson

O pré-candidato ao Governo, Fábio Dantas (Solidariedade) enfrenta uma crise de identidade. Ou, na melhor das hipóteses, busca um reajuste no rumo de seu comportamento na disputa. Ele integra um partido que, a nível nacional, é aliado do ex-presidente Lula. No RN, é adversário do PT da governadora Fátima Bezerra e, ao mesmo tempo, apoia candidatos bolsonaristas, como o ex-ministro Rogério Marinho.

O presidente Jair Bolsonaro visitou o RN quatro vezes em 2022. E nenhum candidato surgiu como aquele disposto a oferecer-lhe palanque. Pelo apoio a Marinho, esperava-se esta iniciativa partindo de Fábio Dantas. Nas duas últimas aparições do presidente por aqui, Dantas correu quilômetros. Foi para João Pessoa onde, segundo ele, tinha agenda comercial pré-agendada  no dia em que  Bolsonaro esteve em Natal para  lançar o 5G no dia 17 de junho.

Na visita de Bolsonaro do dia 16 de julho, Fábio Dantas testou positivo para Covid-19. Não recepcionou o presidente e o seu partido adiou a data de sua convenção para oficialização dos candidatos às eleições de 2022, inicialmente prevista para o dia 20.

Fábio quer fugir do bolsonarismo. Começa a adotar um estilo mais tranquilo, moderado e até mesmo sentimental. ” Entendo que um governo deve ser feito com o gestor se colocando no lugar das pessoas, sabendo ouvir e o nosso governo será de muito coração, mas também sabendo que é importante a formação”, disse, em entrevista ao jornal Agora RN. Quer colocar “coração” na sua campanha, deixando claro que não apostará no discurso de intolerância como estratégia eleitoral, adotando estilo completamente antagônico ao de seus companheiros de partido: o deputado licenciado Kelps Lima e o deputado Michael Diniz.  Será que ele vai caminhar por aí?

O pré-candidato tenta se desvencilhar da pecha bolsonarista, mesmo caminhando de mãos dadas com Rogério Marinho. Na urna, diz ele, vai de Bolsonaro. Contraria o seu partido a nível nacional, mas tenta se explicar. “Voto em Bolsonaro, mas não sou bolsonarista e nem o candidato dele no Rio Grande do Norte”, afirmou à Rádio Rural de Mossoró em 6 de maio. Ele tem ciência que qualquer aproximação com o presidente significará ser jogado ao mar  com uma bigorna no tornozelo.

Bolsonaristas já não simpáticos a Dantas, por seus antecedentes ligados à esquerda (integrou o PC do B), torceram o nariz e tateiam um candidato a Governo para chamar de seu. Resta para esta turma abraçar a  ex-vereadora Clorisa Linhares, com candidatura já definida em convenção, e que não para de colecionar fotos ao lado do “mito”. Ela não tem nada a perder.