A classificação de Zé Lima no Canta Nordeste
Depois de ganhar a primeira etapa do Canta Nordeste, ele põe em prática seu projeto paralelo baseado no repente
Por William Robson
A quinta edição do Canta Nordeste, que aconteceu sábado, dia 11, fez o cantor e compositor Zé Lima mudar radicalmente o seu ponto de vista sobre determinados assuntos. Por pouco o artista não foi a Natal levar a sua canção “Vida de Violeiro” para competir no evento promovido pela TV Globo. Ele estava chateado porque Mossoró nunca havia ganho uma única vez no festival. mesmo participando de todas as edições.
Sua composição, feita especialmente para o festival e que vai virar CD nos próximos meses, foi classificada em primeiro lugar na primeira etapa, das três a serem disputadas. “Fiquei surpreso. Jamais pensei que Mossoró pudesse ganhar em Natal”, disse Zé Lima, cheio de alegria A noticia se espalhou como uma epidemia na cidade e o telefone da sua casa não parou de tocar esta semana, com pessoas querendo dar-lhe os parabéns
Zé Lima também começou a acreditar em Deus. Ele se considerava cético e materialista até que a dupla evangélica Zélia e João de Deus “profetizou” a sua vitória no festival e fez uma oração para melhoar o desempenho de suas cordas vocais. “Zelia colocou a mão no meu pescoço e eu senti um negócio rasgando na garganta”, conta. “Sei que estava rouco que nem um pato e, como num milagre, fiquei com a voz perfeita”
“Vida de Voleiro” levantou uma faceta ainda pouco explorada por Zé Lima: a repentista. Falando sempre em versos improvisados (ele chegou a quebrar o regulamento do Canta Nordeste e recitou diversas poesias quando a regra era apenas cantar), a imagem que vinha repercutindo era de um artista tipicamente forrozeiro, devido ao seu trabalho com a banda Forró Folia e o disco “Heroi do Sertão”
Esse seu lado violeiro ficou um pouco marginalizado, desde que embrenhou-se no mundo forrozeiro, por uma questão comercial. Zé Lima quer, a partir de agora. promover o repente Ele se prepara para as outras duas etapas do Canta Nordeste neste esquema. A próxima acontece no dia 25, em Campina Grande (PB), onde de um total de 16 músicas, classificam-se doze. A final em Recife (PE), que ocorrerá no dia 8 de novembro, premiará os três primeiros lugares. “Tenho quase certeza que minha música vai ficar entre as doze finalistas”, mostra o seu otimismo. Essas finalistas automaticamente farão parte do CD que a Som Livre vai bancar.
A música vencedora de Zé Lima – radicado mossoroense, mas nascido em Santana do Matos – o ajudou a acreditar ainda mais no seu projeto paralelo. Um disco de repente e outro sobre vaqueiros devem ser lançados até meados do primeiro semestre de 98. Mas, o “Queda de Boi sai primeiro, no proximo mês.
Esse projeto vem sendo estudado há tempos, bem antes de a música “História de Cangaceiro”- também um repente – ser a quarta colocada no Canta Nordeste do ano passado. Porém, só deve ser viabilizado agora por causa da boa aceitação do “Herói do Sertão”. O disco vendeu em Mossoró mais de 1200 cópias e elevou às alturas a boa fama de Zé Lima. “É um trabalho baseado na literatura de cordel, uma arte que considero a mais sublime de todas”, diz o músico. que tem quinze anos de carreira e chegou a participar de importantes festivais como o da Record, em 77, e o MPB Shell. em 80 e 81. “Por isso que me orgulho de ganhar o Canta Nordeste com uma música exaltando os cantadores de viola”.
Disco de repente sai em 98
No Projeto Seis e Meia. de agosto, quando fez o show preliminar para a banda Mestre Ambrósio, Zé Lima executou algumas canções inéditas do CD que pretende lançar no ano que vem, seguindo a linha do repente e dos versos de cordel. “Vida de Violeiro” será um álbum que reunirá doze músicas sobre o tema e que vem sendo elaborado há mais de um ano.
Ao lado de sua banda Forró Folia, Zé Lima que lançar o disco “Quedade Boi, que mesmo abordando assuntos bastante regionalistas, busca firmar-se na temática dos vaqueiros em parceria com Edvan Martins, vereador natalense e apresentador do progaema “Valeu o Boi”. “Todo o dinheiro que eu ganho música é para investir em minha própria música”, diz Zé Lima.
Esses des discos foiuma forma de Ze Lima mostrar ainda mais a sua diversidade e, ao mesmo tempo, sua afeição às canções regionais “Sou um artista de resistência”, afirma.