O real adversário de Lula neste segundo turno
A pesquisa da Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (19), mostra que o presidente Bolsonaro tem oscilado positivamente. E, se isso indica uma tendência, também aponta para uma explicação
Por William Robson
A pesquisa da Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (19), mostra que o presidente Jair Bolsonaro conseguiu diminuir a diferença de oito para seis pontos. Os números coincidem com os apresentados esta semana por outros institutos, como o Ipespe e o Ipec. O presidente tem oscilado positivamente e se isso indica uma tendência, também aponta para uma explicação.
Até aqui, Lula não tem nada a oferecer para o seu eleitor senão o seu legado, promessas e esperança. O Bolsonaro, pelo contrário, não é contido em momento algum ao fazer uso da máquina do Estado. Neste embate sem paridade de armas, Lula sai em desvantagem. E todos sabiam que Bolsonaro utilizaria os instrumentos possíveis para garantir a reversão dos seis milhões de votos que (ainda) precisa virar até o dia 30.
Na Quaest, Lula aparece com 53% e Bolsonaro 47% dos votos válidos. A sangue frio, pode-se dizer que Bolsonaro diminuiu a diferença, porém avançou pouco em relação à sua votação no primeiro turno (43%). Lula foi mais audaz (48%) no crescimento.
Bolsonaro quer prosseguir neste campo e a máquina trabalha a seu favor. Vejamos os pontos principais deste uso, que passam desde a utilização da comunicação estatal, ao sequestro das celebrações de 7 de setembro, antecipação do calendário de pagamento do Auxílio Brasil, renegociação de dívidas de inadimplentes na Caixa, crédito consignado para beneficiários do Auxílio e, agora, uso do FGTS futuro para financiamento de imóveis. Tudo isso para garantir a conquista (para não dizer “compra”) dos votos destes eleitores. E o que o Lula pode oferecer?
Esta é a estratégia de Bolsonaro e o Estado de um lado, contra o Lula de outro. Do lado petista, tenta-se administrar a vantagem ainda ampla a 11 dias da eleição. Não será fácil para Bolsonaro virar tamanho universo de votos em tão pouco tempo. E o tempo é a favor do ex-presidente.