Aliança

Mais um Alves na chapa

O entendimento reforça o projeto de reeleição da governadora Fátima Bezerra, ao mesmo tempo em que leva militantes mais ardorosos do PT a torcerem o nariz

Por William Robson

Decidido. Após encontro com o ex-presidente Lula (PT), em Brasília, a governadora Fátima Bezerra (PT) e o presidente do MDB do RN, deputado federal Walter Alves, fecharam o acordo. Está confirmado o nome de Walter como candidato a vice-governador na chapa majoritária.

O entendimento reforça o projeto de reeleição da governadora Fátima Bezerra, ao mesmo tempo em que leva militantes mais ardorosos do PT a torcerem o nariz. Afinal, terá de colocar o botton no peito com a estampa de integrantes da família contra quem lutaram por anos para defenestrar. A aliança ressuscita os Alves, incluindo dois deles na chapa majoritária. E, mesmo não confirmado oficialmente, Carlos Eduardo é tido como o nome mais provável para ser o candidato ao Senado pelo grupo.

Assim, o pacto no Estado terá PT, MDB e o PDT na chapa majoritária. A governadora Fátima Bezerra conseguiu neutralizar a oposição, evitando que nomes, como o do próprio Carlos Eduardo, inflassem como opositores e, assim, ameaçassem seu intuito de continuar na governadoria. Para isso, impactou lógicas defendidas pelo PT local, como o enfrentamento às oligarquias, inflamou os brios de partidários, e divergiu com integrantes contrários à aliança, como o caso da deputada Natália Bonavides e da deputada estadual Isolda Dantas, que já se manifestaram publicamente. Isso sem falar no senador Jean Paul Prates, preterido para dar vez ao Alves.

Há quem duvide que a configuração da chapa da governadora se manterá no atual status. E que, provavelmente, possa sobrar para Carlos Eduardo Alves. A intenção seria desafogar o congestionamento do clã. Porém, apenas especulações até aqui.

Por outro lado, há os defensores. O ex-0secretário e ex-deputado Fernando Mineiro é um deles. Acredita que os apoios são necessários para garantir a reeleição e a governabilidade. Considerando que o ex-presidente Lula segue o fundamento de que é necessária frente democrática contra o bolsonarismo e a extrema-direita, atraindo antigos opositores em nome de ideal maior, a justificativa é palatável.

O chefe do Gabinete Civil, Raimundo Alves Júnior, é outro apologista. Reforçou os detalhes do encontro que selou a aliança entre Fátima e Walter: “Lula fez uma saudação à desejável aliança com o MDB de Garibaldi e Walter, destacando a importância que ela teria para conjuntura nacional, e com o PDT no Rio Grande do Norte, tendo a candidatura de Carlos Eduardo ao Senado”. O acordo soma-se com o apoio de outros partidos, como o PV, PC do B e Republicanos.

Coalizão controversa entre PT e MDB segue, agora, para duas novas  etapas a serem cumpridas: a interna, para que os militantes consigam deglutir este entendimento e levantar a bandeira nas ruas; e a outra, externa, quando a aliança será, efetivamente, anunciada ao eleitor. A previsão do lançamento da chapa PT/PMDB com a presença de Lula deverá ocorrer, entre os dias 14 e 15 de junho, durante a 1ª Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária.