Eliel foi morto por, simplesmente, amar
Eliel Ferreira Júnior foi assassinado no dia 9, no bairro Boa Vista. Simplesmente por ser quem era
Por William Robson
Era um jovem feliz e amável. Completou 25 anos em fevereiro, formou-se em Direito e aguardava a próxima fase do concurso para policial militar, após o êxito da primeira. Eliel Ferreira Júnior foi assassinado no dia 9, no bairro Boa Vista. Simplesmente por ser quem era. Ele foi vítima de homofobia, em mais um caso de intolerância destes tempos sombrios.
A primeira versão do episódio era de que Eliel teria sido confundido com um assaltante. Esta narrativa caiu rapidamente por terra. O namorado da vítima se manifestou e explicou que o crime foi motivado por homofobia. Ou seja, o criminoso, por seu próprio arbítrio, decidiu interromper a vida de um jovem promissor pelo simples fato de intolerar uma forma de amor. Impôs, pelo seu ódio, a sentença de morte.
Eliel tinha ido visitar o namorado. Estacionou o carro em frente ao condomínio dele, entrou no apartamento e, logo em seguida, ambos saíram e foram caminhando até uma praça. Voltaram para o condomínio e continuaram conversando quando foi abordado por um homem que já observava o casal. Suspeito do crime, Ialamy Gonzaga, conhecido por Júnior Preto, demonstrou sua intransigência e, o pior, teria premeditado tudo.
O advogado Edson Lobão foi taxativo. O assassinato de Eliel nada teve a ver com assalto, porém, é um cristalino caso de homofobia. “Ele (o criminoso) matou o Eliel tão somente por discordar da opção sexual dele. A intenção era matar os dois, Eliel e o namorado. Essa narrativa de que ele foi confundido com um assaltante não prospera”, afirmou em entrevista à imprensa.
Ou seja, o assassino queria matar também o namorado de Eliel. Diante da abordagem do criminoso, ambos os namorados correram em sentidos opostos. O assassino correu em direção a Eliel e efetuou sete disparos. Acredita-se que não tenha cometido o crime sozinho. E, assim, o advogado cogita pedir a prisão preventiva dos demais envolvidos.
O assassino de Eliel é o reflexo de uma parcela importante da sociedade, doente, movida pelo ódio e pela intolerância. Também é impulsionada pela beligerância, pelo propósito de se armar, pela falta de diálogo e pela necessidade de resolver todas as suas questões no grito. Ou na bala. Eliel foi mais uma vítima. E este crime não pode ficar por isso mesmo. Todos os culpados têm de ser rigorosamente punidos. O “valente” Júnior Preto, autor dos disparos, segue foragido como um animal covarde.
A família de Eliel sente a dor implacável da perda. A irmã do jovem, Lizandra Cavalcante, demonstrou toda a sua indignação nas redes sociais. “Júnior partiu da pior forma possível. Meu irmão foi vítima de um crime de ódio. Um homem (junto com outros homens) decidiu tirar a vida do meu irmão! O motivo? HOMOFOBIA! Foi por puro ódio! Puro preconceito! Puro machismo!”, destacou. “Júnior sempre foi uma pessoa calma, gentil, educada e super estudioso. Um filho maravilhoso para os meus pais. Um irmão sem igual pra mim. Um amigo prestativo. Uma pessoa extremamente humana”.
Não há outra definição realmente. Foi puro ódio e preconceito. Disparar sete vezes expõe a natureza desta total insensibilidade. As fotografias de Eliel divulgadas pela irmã mostram um jovem feliz em diversas situações da vida, ante muitos outros bons momentos que, certamente, viriam. Eliel, quando foi morto, há quase uma semana, também seguia feliz. Estava amando. Eliel foi morto por, simplesmente, amar. #justiçaporeliel