Meu primeiro disco foi uma coletânea
Sou movido a música, costumo dizer. Mas a primeira banda que me chamou a atenção foi aquela que o John Lennon fundou com amigos, em Liverpool: The Beatles
Por Emerson Linhares
A primeira vez que ouvi o nome John Lennon foi quando vi minha mãe chorando ao saber do assassinato do músico inglês. Eu a vi em lágrimas e perguntei qual o motivo e ela me falou sobre o trágico ocorrido. Perguntei quem era John? D. Isolina disse: um amigo. Dei de ombros. Não sabia quem era aquele homem. Tinha apenas oito anos.
Minha infância foi marcada por músicas sertanejas, principalmente, pois como morava em Brasília e o quintal era o Goiás, então era o estilo dominante. O “sertanejo raiz” de Lourenço e Lourival com Menina da Aldeia; de Milionários & José Rico, Tião Carreiro e Pardinho, Léo Canhoto e Robertinho e tantas outras duplas. Na minha casa tinha LPs (long players) variados. Tinha um do Altemar Dutra autografado para o meu pai; tinha de Os Motokas e um compacto (EP) de Paul McCartney. Acredito que foi a primeira vez que ouvi a palavra maconha dita por meu pai. Ele olhava para a foto de Paul e dizia: “essa boquinha nunca fumou maconha” e começava a rir. E eu nem sabia do que estava falando, claro.
Então a música entrou muito cedo em minha vida. Sou movido a música, costumo dizer. Mas a primeira banda que me chamou a atenção foi aquela que o John Lennon fundou com amigos, em Liverpool: The Beatles. E tudo aconteceu de forma muito casual. Estava em casa, já em Mossoró, assistindo Sessão da Tarde, acredito que em 1984, 1985, e ia passar um filme chamado Febre de Juventude. O produtor-executivo desse filme de 1979 era nada menos do que Steven Spielberg.
Comecei a assistir o filme de forma despretensiosa, mas a narrativa foi em envolvendo e quando chega na parte que a banda toca no Ed Sullivan, programa de TV muito famoso nos anos 50/60 nos Estados Unidos, aconteceu a magia. Acabava ali de descobrir a Beatlemania, mais de dez anos depois do fim do grupo de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Ouvir pela primeira vez She Loves You foi de uma satisfação inenarrável. Eu não entendia essa força, mas claro que gostei. Tanto que nos dias posteriores a essa “descoberta” comecei a respirar Beatles.
O assunto rende outros tantos artigos, mas quero falar apenas no meu primeiro disco, que foi a coletânea 20 Greatest Hits (foto), que comprei (ou pedi dinheiro para minha mãe comprar) em um supermercado PagueMenos. Pois é, na época a rede de supermercados de Seu Bastos tinha umespaço só para venda de discos, competindo com a Disco Fitas. Inclusive, na Disco Fitas, tinha o Let it Be. Todavia, por não conhecer a banda e ver que ali na foto estavam mais velhos eu não gostaria do que poderia estar ali. Pode sorrir, eu deixo.
Então guardei o dinheirinho e fiz a pesquisa e achei a coletânea, ela mesma com as músicas que eu queria porque estavam no filme, com aquele som característico dos anos 60, do Yeah Yeah Yeah. E por muito tempo foi minha trilha sonora e que fez o abre-alas para, junto com o meu amigo-irmão Gilcileno Amorim, adquiríssemos a coleção completa dali em diante. Assim teve início a minha febre de juventude.
Com vocês, The Beatles!
Setlist lado 1:
1 – She loves you
2 – Love me do
3 –I want to hold your hand
4 – Can’t buy me love
5 – A hard’s day night
6 – I feel fine
7 – Eight days a week
8 – Ticket to ride
9 – Help!
10 – Yesterday
11 – We can work it out
12 – Paperback writer
Setlist lado 2:
1 – Penny lane
2 – All you need is love
3 – Hello, goodbye
4 – Hey jude
5 – Get back
6 – Come together
7 – Let it be
8 – The long and winding road
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