As fases da Lava Jato, de um Moro entronizado por uma elite que não estava (e nunca esteve) preocupada com corrupção, minguam diante do objetivo que se está alcançando: derrubar um governo popular e implantar um regime plutocrático, com austeridade e sem dó (do povo, claro).
Estamos diante de um momento em que reaças pão com ovo, pobres de Direita, acordam do limbo no estalar de dedos.
E vão percebendo que fizeram parte de uma estratégia discursiva complexa que os levaram a defender causas que não são suas.
Afinal, reaça que espera de Temer e Cunha a assepsia na política não pode estar falando sério.
Se estiver, segue neste forte limbo, uma ayahuasca às avessas, tal o completo estado alterado da consciência.
A construção do discurso de um país que passou a ser corrupto com o PT começa não somente com as ações articuladas do consórcio jurídico-midiático, mas segue com o introjetamento de simulacro de um Brasil, enfim, salvo.
Esse é o poder do discurso.
Com a construção do discurso, é necessário agora desconstruir esta proposta de sociedade brasileira.
As castas precisam prevalecer e predominar como no Brasil rural, dos coronéis e dos filhos que eram chamados de doutor pelos serviçais porque eram os únicos que tinham a possibilidade de estudar.
Haddad, em entrevista ontem à Folha, disse que a perda do status da classe média diante de pobres que se tornaram menos pobres, elevou a agenda da intolerância.
E a única preocupação da classe média nesta agenda que, como sabemos, inclui o protagonismo dos mais pobres quanto à distribuição de renda, cotas raciais, sociais, ingresso à universidade, avanços das questões da mulher, negros e LGBT, é com esta discrepância que vinha diminuindo a cada dia.
Classe média não está preocupada com ricos que, como assinalou o prefeito de São Paulo, se tornaram mais ricos e se distanciaram desta briga.
São os pobres o alvo da classe média, que andou em sua maioria atrás do pato roubado da Fiesp, que vestiram a camisa da CBF contra a corrupção, que xingam petistas nos restaurantes, pregando moral diante da amante que, por sua vez, sente-se no direito de chamar outra mulher de “vagabunda”.
E este golpe é contra nós, os pobres, que conseguimos subir um degrau. Ou seja, pobre não pode alcançar a classe média.
Se você avançou nesta última década enquanto ser humano (estudou mais), enquanto dignidade (conseguiu uma moradia, está se alimentando melhor, obteve uma profissão e um emprego), cuidado: os tradicionais da classe média estão de olho em você.
A classe média está irritada com isso e, com o golpe em curso, tentará nos colocar na condição em que poderá ostentar diplomas, conquistas e privilégios enquanto comemos de suas migalhas.
Não tenha dúvidas, essa lógica conservadora não é racional.
VIVEREMOS E VENCEREMOS