Natal

A estratégia de Natália Bonavides para enfrentar Carlos Eduardo

Esquece a extrema-direita e busca recorte do passado político de Carlos Eduardo, na tentativa de colocá-lo na caixinha do bolsonarismo

Por William Robson

A situação da deputada federal Natália Bonavides (PT) não tem sido ruim, segundo as pesquisas divulgadas até aqui. Em alguma medida, vem disputando o segundo lugar com o também deputado Paulinho Freire (UB). A mais recente aponta até mesmo para um empate técnico. Enquanto isso, o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PSD), flana em uma primeira colocação confortável.

No entanto, Natália tem focado mais em desidratar Carlos Eduardo do que seu oponente mais direto. As sondagens mostram clara possibilidade de segundo turno em Natal. Porém, ainda não se sabe quem estará em provável embate com Carlos Eduardo.

Carlos Eduardo se mantém na liderança sem a necessidade de enquadra-se em nichos ideológicos. Tem se posicionado ao centro, blindando-se de desgastes movidos por radicais. Não é o caso de seus adversários. Natália e Freire têm seus agrupamentos ferozes. O primeiro no campo da esquerda; o segundo, ligado ao bolsonarismo.

Paulinho Freire é daqueles que tem se beneficiado com sua ligação com o padrinho famoso. Não é por menos que rapidamente alcançou a segunda colocação nas sondagens e tem performance que impressiona. Natália, por sua vez, traz a boa influência de Lula, mas, por outro lado, o alto índice de rejeição da governadora Fátima Bezerra.

Certa de que é necessário alimentar a bolha e explorar a polarização com os bolsonaristas, por incrível que pareça, Natália não foca em Paulinho Freire. Esquece a extrema-direita e busca recorte do passado político de Carlos Eduardo, na tentativa de colocá-lo na caixinha do bolsonarismo. Em seu horário eleitoral, apresenta vídeo em que o ex-prefeito pede voto para Bolsonaro nas eleições em 2018. Em contraposição, no mesmo programa, expõe fala de Lula a seu favor. Natália aposta na polarização, supondo que eleitores de Carlos Eduardo tenderão a migrar seus votos.

A deputada, no entanto, evitou fazer recorte temporal mais recente, quando Carlos Eduardo foi o escolhido pela governadora Fátima Bezerra como seu candidato ao Senado. Seu nome não foi consenso, é verdade, e Natália ofereceu apoio velado a Rafael Motta naquela ocasião. A divergência no partido abriu margem para a eleição de Rogério Marinho (PL), embora tivesse rendido aos ditames do partido.

Já que se trata de reminiscências, em 2022, em enquadramento mais recente, Carlos Eduardo, então no PDT, não estava com Bolsonaro, nem com Lula. Naquele contexto, deveria caminhar com Ciro Gomes, mas precisou se reorientar. Em entrevista a este jornal, em setembro daquele ano, disse: “A eleição polarizou (…). O que realmente estamos vendo é que ou o Brasil continua com o atraso, que é Bolsonaro, ou o Brasil muda essa situação. E quem muda essa situação, por todas as pesquisas, e porque temos que terminar essa eleição no 1º turno, é o candidato Luiz Inácio Lula da Silva”. Ou seja, não parece que Carlos Eduardo guardava qualquer apreço bolsonarista.

Este aspecto não foi considerado por Natália Bonavides, que aposta fortemente no embate entre lulistas e bolsonaristas. Motta diagnosticou esta postura da deputada federal em recente entrevista, ao classificá-la de extrema esquerda: “Existem quatro candidaturas. Uma tem apoio da extrema direita, através de Paulinho Freire. É um projeto que tem por trás o bolsonarismo. A outra é a candidatura da deputada Natália Bonavides, que representa a extrema esquerda. Tenho certo temor de como vão ser conduzidas as ideias que tem para Natal esse polo político”, afirmou, em abril. Enquanto isso, o centro caminha tranquilo no ponto mais alto das pesquisas.