O dia em que Mossoró se transformou numa enorme pista de dança
O Mossoró Cidade Junina 2024 foi o palco do Alok. Uma noite memorável, com balé de drones que obrigou o público a experienciar uma lógica de imersão nunca antes vista na cidade
Fotos: Wilson Moreno
Por William Robson
Trazer Alok para o Mossoró Cidade Junina foi um desafio que começou em 2022. O seu nome foi cogitado diante da bem-sucedida série de grandes espetáculos apresentado pelo DJ ao redor do mundo e, mais do que isso, atrelando a dance music, o techo pop, com influências atualizadas e adaptadas ao contexto do público.
Enfim, deu certo. O Mossoró Cidade Junina 2024 foi o palco do Alok. Uma noite memorável, com balé de drones, que obrigou o público a experienciar uma lógica de imersão nunca antes vista na cidade. O trecho musical “olhe pro céu, meu amor” nunca fez tanto sentido nestas festas juninas. Alok conseguia surpreender a multidão que se acotovelava na Estação das Artes, transformando o local em uma gigantesca pista de dança.
Não há dúvida. Alok trouxe o mais surpreendente espetáculo para o MCJ. A coreografia de 300 drones pintava a noite com figuras características do povo nordestino, como chapéu de couro, sanfona, e das festas juninas, como as bandeirinhas e os balões. Aliada à pirotecnia, fogos (silenciosos, diga-se de passagem, respeitando a legislação local), luzes, fumaça, scratches e mixagens que conectavam hits internacionais com canções regionais.
O MCJ virou uma enorme boate. Em certo momento, os drones projetaram um gigante globo colorido, que transmutava o público para outro universo. Em certo momento, percebia-se o deslumbramento do público que ora filmava tudo, ora não perdia a oportunidade da contemplação.
Qualquer resistência pelo show de Alok em Mossoró, em um ambiente essencialmente junino, num arraiá, caiu por terra. O DJ tem sido desbravador neste contexto. Antes de sua apresentação, concedeu entrevista à imprensa. Recordou que, em Carauru, há oito anos notou tal divergência diante de estilos musicais que parecem antagônicos. “Eu até entendo. Sou intruso. O que um DJ está fazendo em um são-joão?”, comentou. “Mas, quando toquei lá, senti o acolhimento da galera. Entendi que o são-joão está crescendo exponencialmente, porque abrange diferentes gêneros. É importante porque traz uma nova geração. Tem este aspecto transgeracional também”.
Alok ainda afirmou que o setlist em Mossoró foi todo adaptado para o MCJ. Isso ampliou o caráter singular do show e ofereceu uma sensação única a quem testemunhou este momento. Certamente, este acolhimento o qual Alok se referiu, alcançou o são-joão mossoroense. E fechou o MCJ 2024, parafraseando o slogan da festa, de uma forma que ninguém jamais imaginou.