Combate ao coronavírus

Por que Fátima vem perdendo a guerra da comunicação, como as pesquisas apontam?

Claro que nesta disputa, o desleal uso das fake news e de penduricalhos desonestos entram na jogada, atitude despudorada dos adversários que o campo progressista não está disposto a reagir na mesma proporção

Por William Robson 

Não faz sentido. A pesquisa publicada nesta segunda-feira (17) pelo Blog do BG não é racional. Espere, não estou questionando o levantamento em si, mas o grau de percepção do potiguar (sobretudo, o natalense) em torno do enfrentamento do Governo do Estado no combate à pandemia de coronavírus.

O RN apareceu na edição desta terça-feira (18) da Folha de S.Paulo como o único do país com índices de desaceleração. Claro que há entes federativos com números mais reduzidos, no entanto, o RN está longe de ser um mau exemplo neste quesito. Apenas este ponto já seria suficiente.

No mais, o Estado apresentou queda de 54% na média móvel de óbitos. De acordo levantamento feito pelo G1, o Estado potiguar possui a segunda maior taxa percentual em redução mortes do país e a primeira da região Nordeste. Só o Acre possui redução média de óbitos maior que o RN, com 67%.

Ao tomar conhecimento dos números favoráveis no combate à Covid-19 no Estado, a A governadora Fátima Bezerra comemorou. E fez a conexão lógica: este nível está ligado as ações que o Governo tem realizado. “O Governo do RN vem trabalhado incessantemente, ao lado do Comitê Científico, órgãos, instituições, empresas e sociedade civil para garantir o controle da pandemia em nosso estado, tendo como prioridade a saúde da população potiguar”, ressaltou em seu Twitter.

Aí, quando parece que esta percepção está dada, a pesquisa publicada pelo Blog do BG aponta o seguinte quadro: 76% desaprovou o trabalho que vem sendo realizado pela gestão da governadora Fátima Bezerra. 16% aprova e outros 8% não soube ou não opinou. Se você já está compreendendo o nível do absurdo, ficará ainda mais chocado com este detalhe: 58% aprovou o trabalho do prefeito de Natal Álvaro Dias. 32% desaprova e outros 10% não soube ou não opinou.

Parece que somos os habitantes do planeta estranho próximo à Krypton, nas estórias em quadrinhos do Superman. O disparate ganha sentido e o avesso é abraçado como discurso da maioria. Nem as falácias da ivermectina e a reabertura inconsequente em massa considerados para que o natalense assimilasse os avanços que o RN apresentou neste momento atípico que vivemos.

Álvaro Dias conseguiu tirar proveito político da situação, sabotando as estratégias de combate e colocando seus conterrâneos ao risco. Fátima, por sua vez, perde a guerra de narrativas por falta de empenho maior na comunicação. Claro que nesta disputa, o desleal uso das fake news e de penduricalhos desonestos entram na jogada, atitude despudorada dos adversários que o campo progressista não está disposto a reagir na mesma proporção. Porém, a simplificação do discurso real a ser levado para as pessoas precisa ser pensada urgentemente.

E com um detalhe: precisa que a comunicação passe a enaltecer os fatos, porque no universo bolsonarista, a verdade é coisa de esquerdista. Ela prevalece sempre, no entanto, é preciso neutralizar que a onda massiva de mentiras e distorções invada os corações e mentes de potiguares, muitos deles com vidas preservadas nesta guerra contra a pandemia. Comunicação é algo complexo e sem fórmulas prontas. Mas, se nem os fatores positivos da governadora Fátima estão chegando na ponta onde o povo está, por que não esquecer os adversários e seus discursos e apostar na linguagem coloquial e direta ao ponto?