Análise

Fábio Dantas: nem bolsonaristas, nem esquerdistas arrependidos

Ele puxa a corda na tentativa de reviver a polaridade política exacerbada de 2018 e em busca dos apoios daqueles bolsonaristas-raiz e até de pessoas de esquerda. Não deu

Por William Robson

O ex-vice-governador de Robinson Faria, Fábio Dantas, levantou uma bandeira no evento em que se lançou pré-candidato da oposição à governadora Fátima Bezerra, na terça-feira (19). ” Se você não quer ser governado pelo PT, a gente tem muita coisa em comum”, disse, em seu discurso.  Ele puxou a corda na tentativa de reviver a polaridade política exacerbada de 2018 e em busca dos apoios daqueles bolsonaristas-raiz e até de pessoas de esquerda, supostamente, insatisfeitos.

Fábio Dantas discursa no evento em que lançou sua pré-candidatura, em Natal

Foi em vão. Nem um agrupamento, nem outro esteve representados no lançamento de sua pré-candidatura. Importantes ausências foram notadas. No mesmo dia em que seu partido, o Solidariedade, declarou apoio à chapa Lula-Alckmin a nível nacional, Fábio Dantas se abraçou com o ex-ministro Rogério Marinho e, nem assim, conseguiu a simpatia dos adoradores do presidente. Queria ser o nome de consenso da oposição no Estado, porém, até agora vem colecionando fracassos (começando no evento de terça) em termos de aglutinação de apoios.

Apesar de ter participando do Governo Robinson ativamente, Fábio Dantas é pouco conhecido do potiguar. Tem raízes na esquerda, depois virou a chave. E isso não foi suficiente para convencer o grupo pelo qual flerta: a direita dos bolsonaristas e os esquerdistas arrependidos. Fábio quer parecer como nome de uma ávida necessidade da população por uma ampla frente anti-petista e, que como sabemos, não existe.

Claro que a tática, desta forma, nasceu capenga. A governadora Fátima Bezerra conseguiu emplacar jogada de xadrez que neutralizou a oposição. Os nomes mais fortes para enfrentá-la seriam o do ex-prefeito Carlos Eduardo, cotado para ser o candidato a Senador com o apoio da governadora, e do atual prefeito de Natal, Álvaro Dias, que desistiu da disputa. Restou para Fábio Dantas esta incumbência.

As ausências no evento da sua pré-candidatura falam por si. Faltaram os prefeitos de Natal e Mossoró respectivamente Álvaro Dias (PSDB) e Allyson Bezerra (SD) e os principais líderes do chamado bolsonarismo-raiz, o deputado federal General Girão (PL) e Coronel Azevedo (PL).

Segundo o jornalista Bruno Barreto, acresce ainda a falta dos deputados federais do União Brasil (Carla Dickson e Benes Loecádio) e do presidente estadual do partido, o ex-senador José Agripino Maia. Coloque ainda o presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira (PSDB). Assim, não parece ser nome que vem a congregar gregos e troianos.

Para reforçar a incapacidade de Fábio Dantas em unir a oposição, o presidente do diretório estadual do Patriota, Marcel Vital, disse: “Sinceramente, não sei como acreditaram que os bolsonaristas iriam aceitar um nome tão associado ao comunismo como representante do bolsonarismo no Rio Grande do Norte. Fábio Dantas foi nome forte do PCdoB, depois teve passagem pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e, há pouco tempo, foi para o Solidariedade (SDD) de Paulinho da Força Sindical, que declarou publicamente apoio à candidatura de Lula”.

Pois é. até o General Girão preferiu participar de festa comemorativa ao Dia do Exército, em Brasília, desprestigiando o evento que também marcaria a composição da chapa de Fábio, com Rogério Marinho (PL), tão bolsonarista quanto ele.

O ex-governador Robinson Faria esteve presente no evento

Fala-se que Fábio não será o nome que os bolsonaristas vão apostar. Ele não demonstra o nível bolsonarista capaz de ganhar a aprovação dos seguidores do Bolsonaro.

No entanto, uma presença foi sentida: a do ex-governador Robinson Faria, com dividiu a governança do Estado, e pelos quais o rombo de quatro folhas em atraso e dívidas de R$ 2 bilhões praticamente inviabilizaram o Rio Grande do Norte. Pelo menos este está com cara que vai seguir ao seu lado incondicionalmente.