Como Fátima reage à pressão dos empresários que pedem a retomada econômica?
A governadora estende o prazo e explica que o isolamento social precisa ser mantido, em acordo com trabalhadores, Ministério Público e demais poderes. “Nosso diálogo é constante em defesa da vida, em primeiro lugar”
Em entrevista coletiva para atualizar sobre os dados epidemiológicos e prestação de contas das ações do Governo no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, nesta quarta-feira, 24, a governadora Fátima Bezerra respondeu sobre as ações judiciais que visam quebrar o isolamento e atender a interesses econômicos, gerando aglomerações e impondo maior peso ao sistema público de saúde do Estado. Para ela, a reivindicação do empresariado é considerado algo normal.
“Nossa proposta de retomada das atividades econômicas foi apresentada pelo setor produtivo e é embasada no conhecimento científico. Espero que a Justiça mantenha a prorrogação até dia primeiro de julho como determina nosso decreto. Reconhecemos as necessidades do setor produtivo e do emprego, mas temos que cuidar da vida em primeiro lugar”.
A governadora explicou ainda que esforços para o enfrentamento não dependem só do Governo estadual, mas dos demais poderes e dos municípios, através de suas prefeituras. “É preciso cumprir os decretos e o Pacto pela Vida para conter a propagação do vírus, ampliar o isolamento social e reduzir a pressão por leitos para retomarmos as atividades econômicas e sociais. O momento ainda exige cautela, precisamos de união, solidariedade, e que a população compreenda. Não temos vacina ainda. Estamos há mais de 90 dias com medidas restritivas, que exigem sacrifícios, mas estamos perto de atravessar a fase mais aguda da pandemia. Por isso a necessidade de nos integrarmos ao Pacto pela Vida. O retorno às atividades normais depende do recuo da taxa de transmissibilidade e da ocupação de leitos críticos”.
Reconhecemos as necessidades do setor produtivo e do emprego, mas temos que cuidar da vida em primeiro lugar”
Na entrevista, ela se solidarizou com as famílias que sofreram perdas para a Covid 19 e disse que a administração estadual optou por fortalecer a rede de leitos da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). “Conseguimos instalar 390 novos leitos, entre críticos e clínicos e continuamos trabalhando para expandir mais leitos”, informou.
Há, ainda, segundo informou a assessoria de comunicação do Governo, a previsão de abertura de mais de 70 leitos por todo o Estado. Até final do mês de junho serão abertas mais 20 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Hospital João Machado, em Natal, outras 17 vagas em Pau dos Ferros sendo 11 UTIs e 6 leitos clínicos, dois leitos UTI em Caicó, 10 UTIs e 6 leitos clínicos em Assu.
Em Mossoró, especificamente, foram abertos cinco recentemente e há previsão de novos leitos até dia 30 no Hospital São Luiz, assim como no Hospital Pedro Germano em Natal. Em Guamaré será aberta mais uma UTI, enquanto no Hospital Belarmina Monte, em São Gonçalo do Amarante, há 5 UTIs e deverão ser abertas mais 5. Nas cidades de João Câmara e Santo Antônio está em curso a instalação novos leitos UTI e de retaguarda para pacientes Covid.
No entanto, Fátima tem se mostrado enfática para que o isolamento social se mantenha, buscando acordo entre trabalhadores, Ministério Público e demais poderes. “Nosso diálogo é constante em defesa da vida e para cuidar, em primeiro lugar, da saúde do povo do Rio Grande do Norte”.
O adiamento do início da retomada das atividades econômicas, de acordo com o Governo, segue recomendações do Comitê Científico de especialistas e dos Ministérios Público Estadual, Federal e do Trabalho. “Estamos chegando ao pico da pandemia e precisamos conter a propagação. No Brasil e no mundo vários estados e cidades que fizeram abertura tiveram que recuar e retomar as medidas restritivas”, registrou.
“Reafirmo que todos os esforços e recursos que recebemos e dispomos estão disponibilizados no portal da transparência, seja em recursos próprios, do governo federal, de doações. E a principal destinação é para UTIs e contratação de pessoal. Já contratamos mais de 3 mil profissionais e empenhamos R$ 100 milhões para garantir à população o direito de ter atendido e de sobreviver”.