Em campanha

Com moral e dinheiro no Governo Bolsonaro, quais as reais pretensões de Rogério Marinho?

Marinho tem acompanhado o presidente em suas andanças pelo Nordeste. Na região, Bolsonaro veste chapéu de vaqueiro, monta em jegue e levanta anão, confundindo-se com criança. Ambos estão prestes a desembarcar em Mossoró

Não faz muito tempo. O então deputado federal Rogério Marinho buscou a reeleição no Rio Grande do Norte e foi rechaçado nas urnas. O povo potiguar, enfim, tinha se livrado daquele que lutou com todas as forças para retirar os direitos dos trabalhadores brasileiros. Disso, ele pode se orgulhar que conseguiu. Enquanto o trabalho ficou precário, a massa salarial caiu dramaticamente e o número de desempregados deve superar a casa dos 20% após a pandemia, Marinho reaparece com moral e dinheiro no Governo Bolsonaro.

Os potiguares não renovaram o mandato de Marinho. Porém, pelos “bons serviços” prestados ao patronato, foi ascendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que está prestes a desembarcar em Mossoró, cumprindo agenda de obras sequestradas dos governos progressista (como sabemos, Bolsonaro não tem uma obra para chamar de sua por aqui).

De auxiliar do ministro Paulo “Perdido” Guedes, quando atuou como secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia com a finalidade de jogar a última pá de cal na carteira de trabalho, a ministro do Desenvolvimento Regional, Marinho passou de um político austero para um gastador inveterado. Por quê? Quais as intenções deste político que o potiguar gostaria de esquecer de uma vez por todas?

Bem, no ministério, Marinho está com o filé da estrutura estatal com algo a apresentar no final da ponta, principalmente, no Nordeste. E  na discussão do Orçamento de 2021, Marinho terá o cofre recheado para atender a dois propósitos: nutrir a campanha em  andamento para a reeleição de Bolsonaro e a sua própria na intenção de derrotar a governadora Fátima Bezerra.

Por isso, o Governo vem cedendo a todos os apelos de Marinho por mais recursos em sua pasta. O ex-deputado deve receber mais R$ 846 milhões em 2021 em relação à proposta orçamentária oferecida anteriormente, de R$ 7,4 bilhões. E, segundo o jornal Folha de S. Paulo, Marinho tem interesse em expandir os gastos públicos, sobretudo em obras, pressionando por mais já neste ano, tirando o que resta de cabelos na cabeça de Paulo Guedes. “Se tiver ministro fura-teto, eu vou brigar com o ministro fura-teto”, disse o ministro da Economia.

Assim, Marinho se capitaliza com dinheiro extra, sendo R$ 500 milhões para operações com carros-pipa, um filão para o Nordeste em áreas ainda não atendidas pela transposição. Outros R$ 174 milhões vão para a conclusão do sistema adutor do agreste pernambucano, além de R$ 152 milhões do programa de integração do rio São Francisco.

Bolsonaro levanta anão, ao confundir-se com criança, em Sergipe

Marinho tem acompanhado o presidente em suas andanças pelo Nordeste, em que, como candidato que estereotipa a região, veste chapéu de vaqueiro, monta em jegue e levanta crianças (bem, Bolsonaro nem percebeu que levantava um anão, em Sergipe, mas deixa para lá). E para a visita ao RN, não perderá a oportunidade de cicerone. Em Mossoró, Bolsonaro refendará obra iniciada em governos progressistas, inaugurando o que sobrou do finado programa Minha Casa, Minha Vida: o Residencial Mossoró I.

O que esconde por trás de tanta bondade de Marinho, o carrasco dos trabalhadores? O jornal O Globo coloca as intenções do ex-deputado no campo eleitoral, já que busca se cacifar para o Governo do Estado. Sua aproximação com Bolsonaro é a aproximação de sobrevivência política e não de oferta de trabalho técnico. Mas, ele nega. Quando perguntado sobre candidatura, responde:  sou apenas candidato “a ser um bom ministro”.