Flexibilização dos bares e restaurantes

Quais as consequências da algazarra dos jovens da elite nesta madrugada em Rabicó?

As imagens divulgadas na internet no espetinho apontam que o Governo e a Prefeitura de Mossoró precisam redobrar a atenção urgentemente. E a ação passa até por impor nova quarentena e fechamento de estabelecimentos

Por William Robson

Pipocam vídeos da aglomeração da madrugada deste sábado (8) no Espetinho do Rabicó, na Avenida Diocesana (veja imagem abaixo), bairro Nova Betânia (área nobre da cidade). As imagens lembram as movimentações inconsequentes do Rio de Janeiro, com aquelas pessoas que desrespeitam os fiscais da Vigilância Sanitária.

No caso de Mossoró, só faltou isso mesmo. Jovens ocupavam todo o ambiente e transbordavam para a avenida, em plena pandemia. Bastou o decreto de flexibilização liberar o funcionamento de bares e restaurantes (com protocolos a serem cumpridos, diga-se de passagem) para estes mossoroenses caírem na gandaia sem eira nem beira, nem qualquer cuidado.

A fiscalização não chegou ao local para exigir o cumprimento dos protocolos, porém, sabe-se que não houve qualquer preocupação quanto a isso. Alguém poderia dizer: o estabelecimento poderia evitar? Sim. Mas, sabemos também que os empresários (e isso em qualquer área) forçava a reabertura, iniciava o cumprimento de protocolos meia-boca para depois chutarem o pau da barraca.

O Rio Grande do Norte, que aparecia bem na fita até poucos dias, nos telejornais nacionais, como exemplo de queda no número de ocupação de leitos, já acende o sinal de alerta. Os casos voltam a crescer à medida em que a flexibilização segue em andamento. Tenderá a piorar com a falta de controle em bares, que nesta toada não hesitarão em promover festas. E se as escolas também estimularem as aulas presenciais, as crianças correrão imenso risco, sobretudo, quando surgem as novas complicações possíveis para esta faixa etária advindas da Covid-19.

A governadora Fátima Bezerra, através de seu comitê científico, tem monitorado as oscilações de casos e ocupações de leitos, após a abertura da economia. E revelou que pode voltar atrás caso os índices piorem, valendo-se, a princípio, que as pessoas terão a consciência de respeitar o distanciamento social ou buscar sua diversão de forma segura. Não é o que está acontecendo.

As imagens divulgadas na internet no espetinho apontam para que o Governo e a Prefeitura de Mossoró precisem redobrar a atenção urgentemente. E a ação passa até por impor nova quarentena e fechamento de setores do comércio. Os proprietários estão jogando contra o próprio negócio e correm o risco de passar novo período sem faturar pelo simples fato de não controlarem o movimento em seus estabelecimentos.

É bem verdade que o trabalho de prevenção e as medidas tomadas pelo Governo Fátima no período da pandemia têm garantido uma taxa de ocupação de leitos menores a 60%, mas nas regiões Oeste e Seridó alguns municípios ainda estão em situação preocupante porque a taxa de transmissibilidade está elevada. Coloque Mossoró nesta conta.  “Tomamos medidas de reforço para estes municípios e para os municípios litorâneos”, ressaltou a governadora. Falta parte da sociedade contribuir nesta luta.

Mossoró já acumula quase 200 mortos  por Covid, o RN quase dois mil e o Brasil, aproximando dos cem mil, é o segundo do mundo em vítimas. A banalização da morte foi filmada no espetinho diante de um universo de pessoas que podem contribuir para aumentar esta estatística.