O PT do RN precisa olhar melhor para Jean
Partido praticamente o rifou, jogando-o ao mar e abrindo espaços para que o ex-prefeito Carlos Eduardo ocupasse o seu lugar na tentativa de manter a cadeira ao Senado
Por William Robson
Desde que o jornal Valor Econômico divulgou, nesta quinta-feira (17), que um racha dentro do Partido dos Trabalhadores pode levar o senador Jean Paul Prates para o PSD, iniciou-se a especulação. O PT do RN praticamente o rifou, jogando-o ao mar e abrindo espaços para que o ex-prefeito Carlos Eduardo ocupasse o seu lugar na tentativa de manter a cadeira ao Senado. Jean nunca entendeu exatamente porque alguém distante ao pensamento do partido tivesse tanto prestígio assim.
Então, a notícia do Valor ganhou corpo e foi entendida como uma reação do senador. Imaginava-se, nos bastidores, que um acordo fosse capaz de acomodar Jean Paul em cargos futuros, sejam eles na estrutura do segundo Governo Fátima ou em eventual vitória do ex-presidente Lula. A julgar pelo noticiário, nada foi acertado.
Ante os comentários, o senador se manifestou em seu twitter: “Só quem fala por Jean-Paul Prates é Jean-Paul Prates”. Ou seja, não autorizou ninguém a falar, em seu nome, sobre mudanças de partido. Também não negou que estivesse pensando no assunto. O enigma pairou e as especulações não cessaram.
Diante da controvérsia, o tema foi destaque no programa Foro de Moscow desta sexta-feira (18). E na audiência, estava o senador Jean Paul Prates, que respondeu: “Destaque para Jean-Paul Prates? Quanta honra! Abraço para vocês. Por aqui, nada muito misterioso não. Apenas confirmando que, quando tomar qualquer decisão, serei eu mesmo a comunicar. Por enquanto, ouvindo muito”.
Este detalhe (“ouvindo muito”) pode se referir a prováveis partidos, a exemplo do PSD, que estariam insistindo em tê-lo como integrante. Deveria também acionar o sinal de alerta no Partido dos Trabalhadores, a nível estadual. Jean é visto, pelo menos fora de sua agremiação, como grande quadro político, de envergadura invejável e que se destaca pelo trabalho desenvolvido no Senado, sobretudo, relativo ao projeto que reduz o preço dos combustíveis. Não é desprezível.
Este cuidado deve ser considerado pelo partido, que aposta as fichas em Carlos Eduardo, praticamente solitário em sua legenda, o PDT, após êxodo de seus filiados. O PT aposta muito em seu nome, porque lançar Jean ao mar para abraçá-lo, sem observar o porte de Jean, pode ser desastroso. Do mesmo modo, Jean não deve ser precipitar em discutir qualquer deslocamento partidário, sem antes notar as reais configurações para as eleições deste ano e como poderia seguir contribuindo.