Telejornalismo

JN: “novidade” sem ousadia não é novidade

O engessamento dos apresentadores segue a todo vapor, assim como a forma de abordagem com notícia (eles prometeram que as mudanças estariam a serviço da notícia”)

Ontem, após reunião do meu grupo de pesquisa, o Nephi-JOR, fui conferir, com bastante curiosidade, a “novidade” da “nova fase” do JN e, decepcionado, não vi nada mais do mesmo.
O engessamento dos apresentadores segue a todo vapor, assim como a forma de abordagem com notícia (eles prometeram que as mudanças estariam a serviço da notícia”). Não há qualquer diálogo com as tendências atuais de consumo jornalístico, sobretudo, quando se fala em novos formatos e o público.
Tirando os grafismos atualizados, o jornal é o mesmo. Até o discurso do dono da Globo, cheio de aforismos e vazio de sinceridade.
A integração da redação do JN com o online é inócua e não apresenta uma proposta factível, não é funcional do ponto de vista de agilidade e de como se traduz para o ambiente do noticiário e para a audiência.
E o “novo” não tem qualquer sinal de interatividade, de ação junto ao público em tempos de internet (algo meio lógico no jornalismo convergente). Como lembrou uma avaliação do jornalista Paulo Henrique Amorim,  “é muita decoração e pouco conteúdo. Mais hollywood e menos Caco Barcelos.”
Os grandes pesquisadores do Telejornalismo já mostraram inúmeras vezes que as várias telas se combinam, dialogam. O JN se apresenta isoladamente sob o verniz de integração das equipes multiplataforma.
Se estas implementações são frutíferas, elas ainda não foram apresentadas, nem enquanto o telejornal transcorria. Afora a cerimônia de inauguração, não explicou efetivamente as razões pelas quais as redações do G1 e do site do JN estão juntas. Qual o sentido, além do geográfico e da aparência?
Voltando a Paulo Henrique, “não passa de um jornal impresso lido na televisão.”
Se antes a novidade era sair da bancada, hoje a novidade é voltar a se fincar nela. O que seria a novidade, afinal?
O que aparenta, apesar de todo o marketing montado para tratar de algo “novo”, quase revolucionário, foi um melhoramento cosmético, de tecnologia e de cenário na forma de apresentação, tudo sem ousadia.
Até os grafismos não causaram qualquer surpresa.
Se a intenção era mudar, mantendo a essência de sempre, conseguiu. Mas, propor o “novo” nesta era de jornalismo pós-industrial, não.
Ainda prefiro o modelo Heródoto Barbero de fazer telejornalismo e a lições dos queridos professores Cárlida Emerim, Valquíria Kneipp e Antonio Brasil, para quem a inovação no jornalismo passa ao largo disso aí.