Homenagem

Filha homenageia o pai, 1ª vítima da Covid no RN, ao se vacinar: “Para ele não deu tempo”

Kalynne Freire perdeu o pai, o professor universitário Luiz di Souza, em março de 2020, e um tio, dois meses depois, para a doença em Mossoró

Por Leonardo Erys, G1 RN

A mossoroense Kalynne Freire viveu o que ela descreve como um “misto de emoções” no sábado passado (17): a alegria de ter se vacinado contra a Covid e o lamento de não ter dado tempo para o pai, Luiz Di Souza, conseguir a mesma proteção.

Kalynne Freire, filha de Luiz di Souza, primeira vítima da Covid no RN, se vacinou em Mossoró

Luiz foi a primeira vítima do coronavírus no Rio Grande do Norte. Ele morreu no dia 28 de março de 2020 aos 61 anos de idade no município de Mossoró, onde atuava como professor de química da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).

No sábado passado, o município de Mossoró baixou a faixa etária para 33 anos e chegou a vez de Kalynne iniciar a imunização contra a doença com a 1ª dose.

E, neste momento especial, ela não teve dúvidas em homenagear o pai e também o tio, o sargento Francisco Freire, que também perdeu a batalha para a Covid em maio do ano passado. E se emocionou com o fato.

“Fiz a homenagem pela lembrança mesmo deles. Meu pai, que na verdade era meu padastro, nós tínhamos uma convivência desde pequena, então eu o considerava o meu pai. E quase dois meses da morte do meu pai, meu tio também faleceu. Como foi muito no início, não tinha a vacina ainda”, contou Kalynne.

“Foi essa a homenagem que eu quis prestar para eles. Para eles, não deu tempo, infelizmente. E foi exatamente esse misto de sentimento que eu tive: feliz por eu ter passado por isso e triste por eles não terem passado”.

O tio dela, o sargento Francisco Chagas, de 59 anos, inclusive, chegou a gravar um vídeo já dentro do hospital onde estava internado, em que alertava à população sobre a doença. “Se cuidem, vamos dar valor à vida”, dizia ele no registro.

No cartaz, Kalynne ainda fez uma apelo: que as pessoas não escolham vacinas. “Às vezes eu tenho a impressão que as pessoas são cegas em relação à doença. Como é que pode ver tanta gente perder a vida, não só perto, mas no mundo todo, e ficar esperando a morte acontecer e não se prevenir”, afirmou.

“Tenha a consciência de que tomar vacina limita o sofrimento. É muito triste você ver um ente querido seu se perder por isso. Não sabe como tratar, como sair disso. Tem gente que pega e não sente nada e tem gente que pega e se vai. E as pessoas não tem essa consciência”.