Eleição de Biden aumenta pressão sobre política ambiental do Brasil, avaliam especialistas da UFRN
Na opinião de especialistas, com a vitória de Biden, a pressão internacional deve aumentar diante da gestão ruim de Bolsonaro, principalmente na pasta do Meio Ambiente
Isabela Santos, da Agência Saiba Mais
O mundo inteiro está atento às eleições dos Estados Unidos. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro assumiu uma postura arriscada ao fazer campanha para a reeleição de Donald Trump, não apenas porque a vitória foi do opositor democrata Joe Biden, mas também por romper um histórico de diplomacia que o país ostentava.
De acordo com avaliação do professor do Departamento de História da UFRN e especialista em História dos EUA e História das Relações Internacionais, Dr. Henrique Alonso Pereira, personalizar as relações internacionais não traz qualquer benefício a uma nação.
“As relações internacionais não são entre pessoas, são entre Estados. Bolsonaro tem uma posição favorável não a um país, mas a um candidato. Numa eleição apertada como essa, o resultado será a metade do país contra ele. Independente do que acontecesse, o Brasil já estaria em uma situação muito ruim. Nenhum grande país faz isso”, explica Henrique, lembrando que não é a primeira vez que o presidente comete esse tipo de erro.
Em 2019, Bolsonaro declarou apoio a Mauricio Macri na eleição da Argentina, ignorando também que a vitória da oposição poderia gerar atritos nas relações entre os dois países irmãos.
Macri chegou a pedir que Bolsonaro não o apoiasse e enviou carta por meio de chanceler repudiando declarações da família do presidente brasileiro a Alberto Fernandez, vencedor da eleição argentina.
Na opinião de especialistas, com a vitória de Biden, a pressão internacional deve aumentar diante da gestão ruim de Bolsonaro, principalmente na pasta do Meio Ambiente. Se o governo brasileiro mantiver a postura atual, deve sofrer perda de mercados e terá mais dificuldades de prospectar investimentos.
“Acordos comerciais podem ser dificultados. A pressão que já está havendo por causa da má gestão do governo pode crescer. Muitas grandes empresas e fundos já estão deixando de investir”, diz Alonso, ao salientar que a bolsa de valores não tem preferência partidária.
“O que interessa a eles é ganhar dinheiro e eles estão retirando dinheiro do Brasil, entre várias outras razões, por causa da má gestão ambiental”, destaca o professor apontando que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não é aceito pela comunidade internacional, assim como o ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Henrique Fraga Araújo.