Covid: as cidades do Oeste em risco extremo e o novo decreto
A região Oeste entrou em estado de alerta. Municípios monitorados pelo Governo entraram na cor vermelha indicando “risco extremo” em relação à doença
Por William Robson
O RN se aproxima dos seis mil mortos em decorrência da Covid-19. São os números registrado na plataforma Lais/Coronavírus. No entanto, há mais de 1.200 óbitos em investigação, apontando para subnotificação que pode superar as 7 mil vítimas. Enquanto isso, o RN caminha sob o decreto mais flexível desde o início da pandamia, onde tudo praticamente está funcionando em meio à fiscalização bem mais condescendente.
A região Oeste entrou em estado de alerta. Municípios monitorados pelo Governo entraram na cor vermelha indicando “risco extremo” em relação à doença. Grossos, Itajá, Carnaubais, Felipe Guerra e Doutor Severiano são as cidades que mais preocupam. As demais, como Mossoró, estão na categoria de “risco médio”, o que também é preocupante. O problema é que algumas destas cidades em maior risco terminam desembocando seus pacientes nos hospitais mossoroenses. É aí onde a situação fica mais grave.
A semana terminou com lotação total dos leitos críticos de UTI na cidade. A região Oeste, por sua vez, acompanha a mesma tendência. Só há um “respiro” na região metropolitana de Natal, com ocupação está em 91,6%. E mesmo com estabilidade da média diária de letalidade, está claro que o RN vive à beira do colapso.
Desde que instituiu o Pacto pela Vida que, como sugere o nome, trata-se de um aliança entre os municípios no enfrentamento à Covid, a situação não se tornava tão angustiante. O decreto em vigor contribuiu com este cenário, mas a pressão econômica e falta de cuidados também. É aí que o Governo decidiu retomar as rédeas da situação, convocando prefeitos da região onde o problema mais se agrava. No caso, a região Oeste.
A secretária adjunta Maura Sobreira explicou que os dados na região estão “se deteriorando” e que há outra preocupação adicional que é a possível escassez de oxigênio. Por isso, a Secretaria de Saúde pretende reforçar o estoque com o envio de cilindros para as regionais com maior pressão por leitos.
No Alto Oeste, 70,7% da população está em zona de alerta (amarela) ou de perigo (vermelha); no Oeste, 95,7% estão nessa situação. “Portanto, é extremamente necessário que os municípios unam forças com o Governo para o cumprimento dos protocolos e dos decretos com medidas restritivas”, disse a secretária.
O Governo, então, decidiu reunir os prefeitos e secretários municipais para discutir o quadro e sugerir o teor do novo decreto do Governo. Fala-se até em decreto regionalizado, que pode exigir maior rigidez.
O presidente da Associação dos Municípios do Oeste Potiguar (AMOP), Rivelino Câmara, é um dos defensores da ideia. “Não há mais espaço para guerra de decretos”, afirmou.
Por sua vez, o secretário de Gestão de Projetos e Metas, Fernando Mineiro ressaltou que pretende verificar a legalidade da regionalização do decreto. “Ficou acertado no encontro com os prefeitos que vamos consultar a área jurídica do governo para avaliar a possibilidade de editar um decreto regionalizado, à luz dos dados apresentados hoje”, explicou.
Em entrevista para o site WILLIAM ROBSON, a secretária de Saúde de Mossoró, Morgana Dantas, que participou do encontro, comentou os principais pontos. Um deles, sugeria que os municípios se encarregassem de restringir em seus decretos locais, rechaçado pela maioria. A proximidade entre as cidades permitiriam que as pessoas circulassem para as áreas com decretos mais brandos. “Ficou para ser decidido como o decreto será editado. Os municípios aguardam um decreto do Estado”, explicou.
Ou seja, os prefeitos e secretários querem que o Governo assuma a responsabilidade e edite decreto que possa ser cumprido por todos de maneira uniforme. “Todos estão confluindo para a adoção de ações conjuntas de enfrentamento da pandemia”, adiantou Mineiro.
O secretário de Saúde do Estado, Cipriano Maia, se manifestou nesta sexta-feira (21). “Se não há condições de fazer a restrição que o comitê (científico) recomendava manter, temos que ter as outras medidas compensatórias, que é a fiscalização efetiva desses decretos, manter o distanciamento, uso correto da máscara e jamais estar pensando em flexibilizar novas medidas. A abertura das escolas e outras atividades tem contribuído para esse aumento de casos. A gente precisa voltar a restringir”, afirmou à InterTV Cabugi.
Da reunião, que não definiu o teor do decreto, houve o consenso de que a região Oeste pede ações urgentes enquanto é tomado pelo coronavírus em panorama que parece incontrolável.