Quais medidas mais duras da governadora poderão vir no próximo decreto?
Fátima adiantou, em primeira mão, que irá editar um decreto mais rigoroso até a próxima sexta-feira (5). O último encerrou qualquer atividade presencial nas escolas e fechou os estabelecimentos após às 22h
Por William Robson
Nem mesmo o último decreto editado pela governadora Fátima Bezerra, no dia 27 de fevereiro, que determinava, entre outras medidas, o toque de recolher, foi capaz de impedir o avassalador avanço da pandemia no Rio Grande do Norte. A semana começou com leitos de UTI Covid lotados e colapso nas redes púbica e privada. Até esta quarta-feira (3), a região Oeste estava com 100% da taxa de leitos ocupados e situação de pré-colapso no Estado.
A governadora Fátima Bezerra mostrou-se preocupada com a situação e prometeu mais leitos o quanto antes. A situação se agrava visto que 55 pacientes com covid-19 já se acumlam na lista de regulação à espera de transferência para leitos críticos, número três vezes maior que o de UTIs disponíveis, que é de 16. Segundo levantamento da UFRN, a taxa de ocupação de leitos críticos no estado é de 95,1% nesta quarta-feira (veja quadro).
Caminhamos no fio da navalha. Agora, estamos em situação de pré-colapso. Logo será de colapso completo, obrigando a abertura de mais leitos de UTIs. “É um poço sem fundo”, disse a governadora aos jornalistas William Robson e Bruno Barreto, na edição do Foro de Moscow, desta quarta-feira. O que fazer em situações como esta e como conduzir novos decretos diante de pressões contrárias que impedem o lockdown somadas à falta do auxílio emergencial?
Não é tarefa fácil editar o decreto, porém, a situação impõe. E durante o programa, Fátima adiantou, em primeira mão, que irá editar um decreto mais rigoroso até a próxima sexta-feira (5). O último encerrou qualquer atividade presencial nas escolas e fechou os estabelecimentos após às 22h e já fora considerado rigoroso, a ponto de impor às prefeituras o seu cumprimento.
O teor completo do decreto ainda é desconhecido e depende de reuniões que se iniciaram nesta quarta. “O que eu posso adiantar é que as medidas serão mais restritivas e vêm no sentido de conter as aglomerações, manter o distanciamento. Serão medidas que serão trabalhadas neste contexto”, disse a governadora. “Serão trabalhadas tanto do ponto de vista do horário de funcionamento do toque de recolher como também na suspensão no funcionamento de algumas atividades”.
Se a governadora decidir pelo modelo cearense do toque de recolher, ampliando o horário, teremos o fechamento de bares, restaurantes e demais estabelecimentos a partir das 20h. Desde o sábado passado (27), está proibida a circulação de pessoas e veículos nas ruas entre 20h e 5h, de segunda a sexta-feira, e entre 19h e 5h, aos sábados e domingos no Estado vizinho.
O esperado lockdown, por alguns segmentos da sociedade, é algo descartado neste momento. Por razões que passam pela pressão econômica que rompe com a proposta de isolamento total. A principal pressão vem da ausência da ajuda emergencial. Há proposta neste sentido no Congresso, para pagamento em quatro parcelas de R$ 250 até junho.
A governadora se dividia entre a entrevista e a reunião do foro de governadores. E, segundo ela, os gestores veem a necessidade urgente de medidas mais restritivas. “É preciso fazer isso e vamos fazer para conter a pandemia e considerando o quadro de colapso que o Rio Grande do Norte vive, a exemplo de os demais Estados do país. Isso é uma coisa”, explicou. “Outra coisa é eu dizer: lockdown! Como fazer isso sem auxílio emergecial? Não dá, temos que pôr os pés no chão”.