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Mães: ninhos cheios ou vazios…

Mãe aos 17 anos, vivi uma juventude diferente. Considero a maternidade uma experiência divina, extraordinária para uma mulher. Pois, ela refaz o ser, consolida a alma e sedimenta os sentimentos

LUDIMILLA OLIVEIRA – pesquisadora da Ufersa

Em tempos de distanciamento social e maior tempo em família, tenho percebido o paradoxo enigmático, do ninho vazio. Estive, observando o mundo virtual os comentários nas redes sociais dos enfrentamentos das famílias com seus filhos, em viver de maneira concomitante com o desejo de está fora de casa, e ao mesmo tempo permanecer com rotinas domésticas, tidas como exaustivas, repetitivas e sem agregar em alguns casos valores de crescimento.

Mas, os filhos crescem e algumas dificuldades nunca mais serão vividas, a exemplo disso: o cotidiano dedicado às tarefas escolares, ao convívio dentro de casa pautado no crescimento e na formação futura de homens e mulheres.  Entretanto, isso me trouxe à memória a minha experiência de viver o cenário vazio, a casa em silêncio, a vida sendo mudada de maneira repentina e mesmo assim, continuar seguindo com o mundo lá fora, sentindo o vazio dentro do lar.

Mãe aos 17 anos, vivi uma juventude diferente. Considero a maternidade uma experiência divina, extraordinária para uma mulher. Pois, ela refaz o ser, consolida a alma e sedimenta os sentimentos. Tudo muda de lugar e o lugar dos filhos é tão especial, tão importante que o cordão umbilical nunca deixa de existir pelo amor, pela afetividade, consistindo numa ligação forte, resistente e eterna, muito mais que biológica.

Dia desses, ao me deparar, com a fala ofegante de uma pessoa desconhecida numa fila de supermercado, reclamando da presença das crianças o dia inteiro em casa, a luta incansável de fazer comida, lavar louça, roupas, fazer o papel de professora e ainda trabalhar remotamente, além do pavor gerado pelo inimigo invisível.

Fiquei meditando, considerando os aspectos ali demonstrados, o que me levou a seguinte conclusão:

Se ela, soubesse o que é viver dias de distanciamento longe do filho, de olhar os acessos e a cada dia ficarem mais fechados, de saber que existe um oceano que é trajetória dessa distância, de saber que é preciso fazer todas essas atividades domésticas, mas o silêncio é o mesmo, de saber que é preciso sorrir, trabalhar e seguir e a única aproximação é num universo virtual.

Sabe, ver e não tocar, não sentir o cheiro, não abraçar realmente faz toda a diferença. Em tempos de ninhos cheios, mães, lembrem de quem está com o ninho vazio. É tempo, de aproveitar os segundos da aproximação, do cuidado com quem cuida, do amor com quem ama e é tempo de pensar, que esse tempo de sentar e ensinar, orientar, passa e não volta mais. É o tempo de isolar do mundo, mas para ligar pessoas a pessoas.

Hoje, posso dizer que superei o ninho vazio, por acreditar que toda a dedicação gerou um cidadão determinado, capacitado, educado e pronto para seguir uma carreira e mais que isso é muito humano. Pois, o tempo ficar perto ainda, fiquei perto e ainda acho até agora que podia ter ficado mais. Teria dado tranquilamente, para dispensar algumas atividades, para viver diferente. Mas, já foi!

Mães, é preciso viver a vida e dela se fazer multiplicar vida. É preciso ser o exemplo da lição, para ver a lição cumprida. É preciso saber ser, para saber ter. Se você semeia coisas boas, receberá melhores, se você atrai coisas boas refletirá o bem e mais, servirá de guia, será sempre uma luz. Assim, vivamos os dias de ninhos cheios, com alegria, perseverança e paz!